26 abril 2021

A dança na rua e a rua na dança

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Sequência didática

A dança na rua e a rua na dança

Nesta sequência, será abordada a arte urbana como inspiração para a criação de movimentos dançados. Será proposto que os alunos realizem produções artísticas, com o uso das tecnologias digitais, explorando os diferentes espaços da escola.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Dança

Contextos e práticas

Processos de criação

Artes Integradas

Contextos e práticas

Arte e tecnologia

Competências específicas

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.

6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Habilidades

Dança

(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

(EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etc.) e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.

Artes Integradas

(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Equipamento para reprodução de imagens e para reprodução de vídeos.

Materiais e recursos

Caderno de desenho.

Materiais para desenho, pintura e colagem.

Câmera de vídeo ou celular com câmera de vídeo.

Computador com software para edição de vídeo.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 6 aulas.

Aula 1

A arte está presente em muitos lugares. Espaços públicos e coletivos são suporte de expressões artísticas das mais variadas linguagens. Grafites nas paredes de grandes prédios, teatro de rua, performances em lugares inusitados, instalações em parques e avenidas, lambe-lambes espalhados traduzindo protestos, estátuas vivas, rodas de dança, malabaristas nos faróis, festivais e festas de rua. Mas, afinal, qual é o lugar da arte? Onde a arte deve estar presente?

Para essa aula será necessário o uso de equipamento que reproduza imagens e vídeos. Iniciar a aula organizando os alunos sentados em semicírculo. Em seguida, explicar-lhes que eles vão conhecer um pouco mais sobre a arte urbana.

Fazer o levantamento do conhecimento prévio dos alunos perguntando-lhes se eles sabem o que é arte urbana, e, em caso afirmativo, solicitar que deem exemplos. Espera-se que relacionem a arte urbana às produções artísticas produzidas em espaços públicos como ruas, praças, praias, shoppings e, a partir da própria experiência, citem exemplos. Nesse momento, é possível promover uma reflexão sobre o conceito de espaço público.

Em seguida, propiciar aos alunos momentos de fruição com produções artísticas urbanas de diferentes linguagens artísticas, dando ênfase para a dança. Podem-se selecionar grupos e companhias de dança que se apresentam em espaços públicos, festivais de street dance, investigar grafites, pinturas e gravuras, citar as batalhas de hip-hop e rap que acontecem nas ruas, os músicos e dançarinos de rua, dentre outros.

Destacar a arte dos saltimbancos — artistas de rua que levam o entretenimento por onde passam. Explicar que o saltimbanco surgiu há muitos séculos e que se tratava de um artista de rua que, de vilarejo em vilarejo, apresentava-se em troca de algumas moedas, bem como de um prato de comida e um abrigo para pernoitar. Em geral eram apresentados números de dança, acrobacia e pequenas peças teatrais, em um palco improvisado na rua.

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Maljalen/Shutterstock.com

Grupo de artistas fazendo acrobacias em apresentação na rua.

Caso seja possível, exibir aos alunos o web-documentário Saltimbancos  O artista na rua (Direção: Camis Garcia. Disponível em: <https://vimeo.com/108717549#at=7>. Duração: 9min5s. Acesso em: 28 ago. 2018.).

Ao final da aula, discutir a relação entre artista e espectador no espaço público. Ressaltar que um caráter importante da arte urbana é a espontaneidade e a aproximação do público à produção artística. As reflexões e os registros dos alunos sobre os conteúdos das aulas podem ser feitos no caderno de Arte, bem como as respostas às questões a seguir. O importante é deixar que os alunos se expressem livremente e soltem a imaginação.

1. Você acha que existe um lugar determinado para a arte?

Espera-se que o aluno aponte que a arte pode ser produzida e apreciada não só em museus, galerias e teatros, mas também em espaços como a rua, onde também é possível desenvolver as mais variadas linguagens artísticas.

2. Por que podemos dizer que a arte urbana é para todos?

A arte urbana é desenvolvida em um espaço público (em geral nas ruas), de livre acesso a todos os cidadãos. Não é necessário adquirir ingresso nem marcar horário.

3. Considerando a arte urbana, com qual linguagem artística você mais se identifica? Por quê?

Resposta pessoal.

4. Se você fosse um artista de rua, como seria a sua arte? Como seria o seu figurino?

Resposta pessoal. Solicitar que o aluno se expresse com criatividade por meio de desenho, pintura, colagem, palavras etc. Espera-se que o aluno se inspire nas referências estéticas abordadas nos momentos de fruição e descobertas realizadas e as ressignifique.

Aula 2

No início da aula, fazer um breve resumo da aula anterior. Retomar com os alunos os principais pontos abordados sobre a arte urbana.

Organizar os alunos em grupos e explicar-lhes que vão observar as pessoas ao redor, a fim de registrar seus movimentos e suas ações.

Para isso, sugere-se que seja feito um passeio pelo entorno da escola; se não for possível, a proposta poderá ser realizada na própria escola, em horários como o intervalo, nas aulas de Educação Física, na entrada e na saída de alunos, entre outros.

Antes do trabalho de observação, é interessante investigar com os alunos as articulações do corpo, a fim de despertá-los para a consciência corporal.

Os alunos podem criar um diário de Arte para registrar suas impressões. Cabe ressaltar que os registros podem ser em forma de desenho, pintura, colagem, fotografia etc.

A seguir, sugestões de questões norteadoras para o processo de investigação:

Quem são essas pessoas?

Onde elas estão?

Como estão vestidas e o que estão fazendo?

Quais as partes do corpo que mais se movimentam?

Como são esses movimentos? Repetidos? Lentos? Rápidos? Intercalados com pausas?

Solicitar os alunos que continuem o registro fora da escola e compartilhem as pesquisas na próxima aula.

As investigações e os registros sugeridos têm como principal objetivo despertar no aluno um olhar crítico, atento e curioso pelo movimento, além de compor a inspiração para a criação de movimentos dançados nas próximas aulas.

Aulas 3 e 4

Para iniciar estas aulas, convidar a turma a expor e compartilhar suas pesquisas de movimento. Propor a análise dos registros pensando no sistema articular e nas ações corporais.

Realizar breve introdução às ações corporais exploradas pelo dançarino e teórico húngaro Rudolf Laban. Para Laban, o ser humano possui ações em comum  como andar, falar, correr, girar, saltar , que podem ser transformadas em dança; porém, cabe ressaltar que cada pessoa realiza essas ações corporais à sua maneira.

Em seguida, pode-se promover a percepção corporal e espacial a partir de experimentos com o próprio corpo em situações lúdicas, em diferentes ritmos, e assim explorar as ações corporais. Seja qual for o experimento aplicado, será preciso afastar mesas e cadeiras da sala ou, se a turma for muito grande, utilizar outro espaço da escola, como a quadra de esportes ou o pátio.

Experimento 1: Solicitar aos alunos que caminhem livremente pelo espaço, explorando todos os pontos do ambiente por cerca de três a quatro minutos. Em seguida, orientá-los a caminhar em diferentes velocidades e maneiras. Exemplo: caminhar lentamente para a frente, caminhar para trás como se estivesse pisando em pedras, correr em dupla, caminhar pisando em folhas secas, caminhar pulando poças d’água, caminhar como uma pluma. Procurar despertá-los para a percepção da temperatura, da iluminação, das cores e formas que compõem o ambiente.

Experimento 2: Deitados ou em pé, solicitar aos alunos que fechem os olhos por um ou dois minutos, inspirando e expirando lenta e profundamente. Ainda com os olhos fechados, propor que se concentrem e se movimentem a partir de comandos do professor, voltados a diferentes partes do corpo e das articulações. Por exemplo: concentrar-se e movimentar apenas os dedos da mão esquerda, movimentar as articulações do joelho, movimentar apenas o pescoço, movimentar os dedos dos pés, e assim por diante. Ao final, refletir com os alunos quais partes do corpo esticam, dobram e torcem mais, verificar se conseguiram perceber quais são as partes do corpo e as articulações mais e menos usadas no dia a dia.

Experimento 3: Em dupla ou em grupo, os alunos criarão movimentos dançados a partir de ações corporais escritas em um papel e sorteadas. Podem-se também explorar ações opostas uma à outra. Por exemplo: crescer/diminuir, correr/parar, levantar/deitar, pular/cair, descer/subir. Uma ação corporal deverá ser sorteada e todos criarão, a sua maneira, o seu movimento dançado. Ao final, propor que criem uma sequência de movimentos a partir das ações. Os alunos podem compor a sequência repetindo as ações, fazendo todos juntos, alternando entre uma ação e outra com pausas, sons etc. Ao final, compartilhar e comentar com os colegas.

Aula 5

Nesta aula, organizar os alunos em grupos e convidá-los a interagir com os espaços da escola. Com o uso de câmera de vídeo ou celular com câmera de vídeo, propor a criação de uma sequência de movimentos com a temática cidade. A proposta é explorar, criar e filmar em espaços para além da sala de aula.

É importante que os alunos relembrem as investigações e vivências das aulas anteriores e façam as próprias pesquisas corporais. É interessante que os grupos filmem vários vídeos curtos (cerca de 1 minuto cada) e guardem esses registros para a próxima aula.

Durante a produção, orientar e instigar a turma a pensar sobre o cenário em que estão filmando, o figurino, a iluminação e a trilha sonora. É interessante que o grupo delimite funções e dê autonomia a cada um durante o trabalho coletivo e colaborativo.

Aula 6

A partir das sequências de movimentos criadas na aula anterior, propor aos alunos que utilizem, se houver, os recursos da escola para compilar as filmagens. Caso não haja tais recursos, organizar a apresentação dos vídeos com e para a turma. Ao final, realizar uma roda de conversa sobre as produções. Se houver oportunidade, os vídeos podem ser apresentados também para outras turmas.

Para trabalhar dúvidas

Durante os experimentos corporais, verificar se todos os alunos estão participando. Caso algum aluno apresente timidez ou dificuldade na realização dos experimentos, oferecer-se para acompanhar esse aluno nas propostas sendo a sua dupla, por exemplo. É importante participar das propostas, pois é um referencial importante para os alunos nas aulas de dança.

Ampliação

Durante a aula, é interessante não só ampliar o repertório cultural dos alunos com referências significativas na História da Arte, como também buscar produções e artistas locais. Investigar se na sua comunidade há algum artista de rua; convidá-lo para uma visita à escola, para que fale um pouco de sua arte.


Fonte: PNLD

Música e meio ambiente

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Sequência didática

Música e meio ambiente

Nesta sequência, será abordado o conceito de paisagem sonora e notação não convencional. A exploração de sons naturais e a produção de instrumentos alternativos culminarão na criação de uma música com a temática meio ambiente.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Música

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Materialidades

Notação e registro musical

Processos de criação

Artes Integradas

Processos de criação

Competências específicas

2. Compreender as relações entre as entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Habilidades

Música

(EF69AR17) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

(EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Artes Integradas

(EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Objetivos de aprendizagem

Explorar e analisar elementos constitutivos da música e das propriedades sonoras por meio da leitura e interpretação não convencionais dos sons.

Explorar e identificar diferentes formas de registro musical não convencional a partir de notações criativas.

Explorar e analisar fontes e materiais sonoros como o corpo e instrumentos ou objetos não convencionais em práticas de composição, execução e apreciação musical.

Identificar e explorar os sons naturais e criar composições utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos não convencionais.

Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial de culturas diversas, em especial a brasileira, por meio da apreciação, análise e reprodução dos sons da natureza, incentivando a reflexão acerca do tema Meio Ambiente.

Conteúdos

Paisagem sonora

Sons naturais e artificiais

Notação musical não convencional

Instrumentos musicais não convencionais

Propriedades sonoras

Meio ambiente

Equipamento para reprodução de imagem e para reprodução de som.Materiais e recursos

Gravador de áudio e câmera de vídeo ou celular com câmera de vídeo.

Materiais recicláveis, naturais ou descartados, como garrafas PET, caixas de papelão, baldes, sementes, folhas secas, grãos etc.

Papel ou caderno para anotações e registros.

Lápis, caneta, fita adesiva ou fita-crepe, cola, tesoura, régua, barbante.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 8 aulas.

Aula 1

Iniciar a aula propondo aos alunos a fruição da paisagem sonora no ambiente escolar. Para isso, escolher um local fora da sala de aula (como pátio ou algum local aberto), com sons provenientes de várias direções e lugares. Pedir que levem lápis e caderno para fazer anotações.

No ambiente escolhido, organizar os alunos em círculo e pedir que se atentem aos sons desse ambiente. A ideia é que explorem o conceito de paisagem sonora e percebam os diversos sons que a constituem, como os naturais (provenientes da natureza) e os artificiais (produzidos por instrumentos, máquinas etc.). De acordo com o local escolhido, os alunos podem perceber os sons que vêm de dentro da escola (como vozes, mesas e cadeiras sendo arrastadas, passos de pessoas etc.), os sons que vêm de fora, como pessoas conversando na rua, carros passando, canto de pássaros, folhas de árvores balançando, vento etc., ou ambos.

Os alunos podem fechar os olhos para aguçar a audição e, em seguida, descrever oralmente os sons, tentar descobrir de que direção eles vêm e qual sua fonte; por exemplo: se são produzidos por máquinas, se são vozes de pessoas, se são sons emitidos por pássaros, entre outros. É importante refletir sobre os diferentes sons que compõem a paisagem sonora, inclusive os ruídos e até mesmo o silêncio. Nesse momento, estimular os alunos a fazerem algumas reflexões. Por exemplo, se o silêncio faz parte da paisagem sonora; o que são ruídos; e quais sons estão presentes no cotidiano, inclusive aqueles que muitas vezes passam despercebidos. Orientá-los a que se atentem às características de cada som, por exemplo, se é longo ou curto, agudo ou grave, forte ou fraco etc. A ideia é refletir sobre as propriedades do som, ou seja, altura, timbre, intensidade e duração.

Em seguida, pedir aos alunos que registrem graficamente os sons e as fontes sonoras percebidos por eles. A ideia é explorar a notação musical de forma criativa e não convencional, deixando que usem a imaginação para fazer essa representação. É possível, por exemplo, utilizar linhas curtas ou longas para representar a duração do som, grafismos grossos e escuros ou finos e claros para intensidade etc. Outra possibilidade é classificá-los em alturas diferentes, por exemplo, alto ou baixo. Terminados os registros, propor que experimentem entoar com a própria voz os sons que representaram graficamente nessa partitura não convencional. Os alunos podem também escolher uma ou mais partituras por eles elaboradas para interpretarem coletivamente, de forma que cada um procure interpretá-la à sua maneira, utilizando a voz.

Após essas práticas (individual e coletiva), comentar a respeito da notação convencional utilizada na música para representar os sons: a utilização da pauta (ou pentagrama) para registrar a clave, as notas, as pausas que representam o silêncio e as figuras das notas para determinar a duração. Não se trata aqui de ministrar uma aula sobre as notações musicais e seus significados a fim de que os alunos aprendam a ler uma partitura, mas sim de mostrar a eles que esses símbolos existem e que são importantes, cada um com seu significado. Além disso, discutir as diversas possibilidades de representar os sons graficamente, como muitos artistas e compositores fizeram e ainda fazem, por exemplo, a música experimental, que será abordada posteriormente. A partir das vivências e reflexões, os alunos podem estabelecer relações entre os sons e sua representação/registro por meio da notação não convencional, ampliando a escuta, a criatividade e o desenvolvimento da capacidade de representação, leitura e interpretação musical.

As anotações e os desenhos criados pela turma durante a aula são registros que auxiliam não só o professor, mas também o aluno no acompanhamento de seu processo criativo. É importante que todos os alunos registrem os pontos que considerarem mais significativos.

Ao final na aula, como tarefa extraclasse, pedir que gravem, em áudio ou audiovisual, os sons naturais de um ou mais ambientes; por exemplo, o som de folhas de árvores balançando, o som da chuva e do vento, os sons emitidos pelos animais, entre outros. Para isso, os alunos podem utilizar um celular ou um gravador. Sugerir um tempo de 30 a 40 segundos para cada áudio. As gravações serão utilizadas na aula seguinte.

Aula 2

Para iniciar a aula, organizar os alunos em círculo e fazer um breve diagnóstico a respeito do que conhecem sobre os seguintes profissionais: compositor, regente e intérprete. Esse assunto será abordado com mais detalhes posteriormente. Destacar que eles já experimentaram o processo de composição e interpretação anteriormente e que o farão novamente, em seguida.

Propor então aos alunos que compartilhem suas gravações e escolham uma ou mais para interpretar. Na aula anterior, eles interpretaram os sons do ambiente que registraram utilizando apenas a voz. A ideia agora é que utilizem o movimento do corpo para interpretar esses mesmos sons. Explicar-lhes que não se trata de mímica, mas de uma representação dos sons a partir de uma leitura relativa, ou seja, eles vão considerar os parâmetros sonoros abordados anteriormente. Para tanto, retomar o que foi discutido a respeito de altura, intensidade, timbre e duração. Uma possibilidade é estabelecer um movimento corporal para cada som escolhido; por exemplo, para representar um som curto ou longo, eles podem dar pulos ou passos curtos ou longos, respectivamente. No caso de sons altos (agudos) ou baixos (graves), os alunos podem abaixar-se ou ficar em pé, considerando diferentes alturas.

Por fim, anotar as seguintes questões na lousa e pedir que os alunos reflitam e respondam para a próxima aula:

1. Na sua opinião, os sons naturais podem ser considerados música? E os ruídos? Por quê?

Resposta pessoal.

2. Para você, o silêncio pode estar presente no cotidiano e na música? Explique.

Resposta pessoal.

3. Defina música para você?

Resposta pessoal.

Aula 3

Iniciar a aula organizando os alunos em semicírculo. Retomar o que foi abordado anteriormente e discutir com a turma as perguntas do fim da aula anterior, de modo que os alunos possam compartilhar suas respostas e expor suas ideias e reflexões. Pode-se também dialogar a respeito da intenção por trás da criação de uma composição musical e o porquê muitos compositores utilizam os sons naturais em suas músicas, assim como ruídos. É importante que os alunos reflitam sobre o silêncio na música, o que é a pausa e como o silêncio pode ou não estar presente no cotidiano.

Durante o diálogo, instigar os alunos a refletirem sobre o que acham que é a música, se ela deve ser composta apenas de sons agradáveis e o que é necessário para compor uma música. A partir dessas reflexões, os alunos podem pensar a respeito dos gostos pessoais, lembrando que o que agrada um pode não agradar o outro. Durante essa reflexão, salientar a importância do respeito ao outro. Além disso, é importante reconhecer as diversas possibilidades que os compositores buscam em suas criações, como na música experimental e na contemporânea.

Em seguida, apresentar obras que tratem da notação musical não convencional ou da experimentação na música contemporânea. A nutrição estética enriquece o diálogo a respeito do tema e amplia o repertório dos alunos. Uma vez que eles já realizaram algumas experimentações, nessa etapa a intenção é se aprofundar um pouco mais no tema. Alguns exemplos de obras que podem ser abordadas são o vídeo Miniwanka, de Murray Schafer, as esculturas Navigating Into a New Night e Musical Buoy in Search Towards a New Shore, de Nathalie Miebach, e os vídeos 433 e Water Walk, de John Cage. Durante a mediação, os alunos podem compartilhar suas impressões a respeito de que sensações as obras transmitem e de quais temas parecem tratar. No caso das partituras, o que as representações gráficas sugerem; em relação às performances e às músicas, quais instrumentos ou objetos são utilizados e se são convencionais ou não.

Em seguida, retomar o que foi discutido a respeito de fontes sonoras. Ao longo das experimentações e fruições, os alunos puderam identificar diferentes fontes sonoras. A ideia agora é que explorem diversos objetos do cotidiano para que percebam as várias possibilidades de criação musical. Antes dessa etapa, apresentar músicas, performancesflash mobs ou trechos de filmes em que são utilizados diversos objetos e fontes sonoras para compor o instrumental. As obras Chuva ou Canos, do projeto Embatucadores, são ótimos referenciais para a nutrição estética.

Analisar com a turma os objetos sonoros utilizados pelos artistas e dialogar sobre a construção de instrumentos não convencionais, inclusive a utilização do próprio corpo como fonte sonora. Após a discussão, organizar os alunos em círculo e propor uma breve experimentação. Pedir que reúnam diversos materiais, como cadernos, lápis, estojos, mesa, cadeira ou tambor de lixo, e propor que explorem as sonoridades desses objetos. Eles podem explorar também a percussão corporal, percebendo a sonoridade ao bater palmas, estalar dedos etc.

Por fim, pedir aos alunos que explorem em seu cotidiano diferentes fontes sonoras e que coletem diversos materiais ou objetos sonoros, pensando em sua utilização para a posterior construção de instrumentos musicais. Os materiais coletados podem ser objetos descartados como garrafas PET, tambores, parafusos, caixas vazias, entre outros. Além disso, é interessante que juntem fontes sonoras naturais, como sementes, grãos e folhas secas. Para complementar essa etapa da atividade, orientar que pesquisem na sala de informática como construir alguns instrumentos musicais não convencionais com os itens coletados. A construção dos instrumentos será feita na aula seguinte.

Aula 4

Organizar os alunos em círculo para que compartilhem suas pesquisas. Dialogar sobre quais instrumentos acharam interessantes e que ideias desenvolveram para a elaboração de instrumentos não convencionais. Eles podem organizar os objetos coletados no centro do círculo para analisá-los, expondo ideias e sugestões de como utilizá-los.

Em seguida, é interessante lembrá-los das experiências e práticas anteriores nas quais exploraram e identificaram diferentes fontes sonoras naturais e artificiais. Sugerir que analisem, anotem, desenhem, gravem ou registrem a sonoridade de cada objeto para que possam selecionar aqueles que acharem interessantes. Assim que escolherem os objetos, podem iniciar a construção.

Os alunos podem elaborar um esboço de como será produzido o instrumento e realizar testes com diferentes materiais. Podem testar a sonoridade de sementes e grãos, de garrafas PET, folhas secas etc. Cada aluno construirá um instrumento e é interessante que haja uma variação, pois eles serão utilizados na composição instrumental que será feita na próxima aula.

Distribuir fita adesiva ou fita-crepe, barbante, tesoura, cola. É interessante que os alunos estilizem seus instrumentos com gravuras, desenhos, colagens etc.

Orientar os alunos a explorar a sonoridade dos instrumentos produzidos por eles e incentivá-los a ampliar o repertório musical através de pesquisas. Vale lembrar que o propósito dessa situação de aprendizagem não é reproduzir ou criar paródias de outras músicas, e sim explorar a criação.

Aula 5

Antes do trabalho de composição com os instrumentos construídos na aula anterior, organizar os alunos em semicírculo e fazer uma sondagem acerca do que pensam e conhecem sobre o tema meio ambiente. É importante que durante a discussão a temática seja articulada ao universo artístico e vivencial do aluno. Perguntar a opinião da turma sobre a preservação do meio ambiente, pedindo que identifiquem os principais problemas ambientais da região onde vivem.

Verificar se os alunos conhecem músicas, filmes, peças teatrais, pinturas ou esculturas sobre o meio ambiente e se acham o tema relevante. Em seguida, apresentar algumas obras sobre essa temática, destacando músicas de artistas nacionais. As intervenções PintadoCaiaques e Labirinto, todas do brasileiro Eduardo Srur; as músicas Bichos do mar, de Lenine, Xote ecológico, de Luiz Gonzaga, e Panorama ecológico, de Erasmo Carlos; e a música instrumental Amazônia I, de Egberto Gismonti, são exemplos de obras que podem ser abordadas.

No caso das artes visuais, é importante dialogar sobre a materialidade das obras, seu contexto, as sensações que elas causam e sua relação com o espaço em que foi exposta ou instalada. Em relação às músicas, comentar sobre o desempenho do artista, compositor ou intérprete, e sobre a mensagem que a letra (se houver) transmite. No caso de música instrumental, é possível questionar como o aluno consegue relacionar harmonia e melodia ao meio ambiente. Perguntar também quais fontes sonoras puderam identificar, se conhecem o gênero, o ritmo ou o artista em questão, e o que pode tê-lo levado a compor tal obra. Aproveite o momento para promover uma reflexão sobre o ato de compor, tendo em vista as motivações do compositor e o processo de composição instrumental.

Em seguida, propor aos alunos que se organizem para compor uma música a partir do tema meio ambiente. Dividir a turma em dois grupos. Um dos grupos vai compor e executar o instrumental da música (com os instrumentos construídos na aula anterior), outro vai compor uma letra para essa música e cantar, e um aluno será o regente da apresentação.

A escolha de como os instrumentos serão utilizados é dos alunos. É preciso atentar-se apenas à duração da música e estabelecer um tempo entre 2 e 3 minutos. Além disso, é importante auxiliar os grupos, quando necessário, em relação à composição da letra e ao ritmo, tendo o cuidado de não os limitar, de modo que experimentem à vontade, utilizando a criatividade e a curiosidade.

Aula 6

Para dar início à aula, reorganizar os grupos conforme a proposta da aula anterior.

Frisar que o diálogo entre os grupos é muito importante para que ambos conheçam tanto a letra como o instrumental. Além disso, é necessário que haja a participação do regente em todas as etapas de desenvolvimento da composição, principalmente na que se refere ao instrumental, pois a criação de comandos manuais (gestos) para reger o grupo será desenvolvida de acordo com a notação musical feita pelos compositores. Comentar com os alunos que os maestros costumam utilizar uma batuta para conduzir os músicos, mas que a ausência desse instrumento não o impede de realizar seu trabalho.

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Tatiana Popova/Shutterstock.com

Maestrina usando batuta para regência.

É importante realçar o trabalho do regente, apresentando e destacando o papel desse profissional. Fazer uma breve explanação sobre os principais gestos utilizados na regência. Não é necessário aprofundar-se quanto à teoria e à prática da regência, como a contagem exata do ritmo e do compasso (binário, ternário ou quaternário). Deve-se basicamente orientar os alunos a respeito de como o gesto do maestro está associado ao andamento da música, às dinâmicas e entradas.

No decorrer da composição instrumental, o aluno regente poderá: criar um gesto para indicar quando e como os intérpretes vão iniciar a música; indicar entradas e cortes para as vozes e instrumentos; o andamento que, nesse caso, não precisa seguir fielmente os compassos (mas é necessário que se determine se será lento, médio ou rápido); quando devem terminar a música. É importante orientar o aluno que será responsável pela regência para que cada gesto seja discutido entre os integrantes grupos.

Tanto os grupos quanto o maestro precisam criar notações musicais; portanto, após elaborarem as composições, será necessário discutirem como vão juntar ou elaborar uma partitura final, estabelecendo elementos ou figuras para representar cada instrumento, o andamento, a intensidade, a duração e a altura da música. As vozes podem ser apenas escritas, mas seria interessante o maestro acrescentar sinais para indicar as entradas e os cortes.

A notação musical não precisa ser complexa, a ideia é justamente o contrário: os alunos podem habituar-se com a escrita e a leitura musical de maneira criativa, coletiva e colaborativa. Talvez sejam necessárias mais de duas aulas para a elaboração da proposta e os ensaios, dependendo do desenvolvimento da turma. É importante que o professor acompanhe cada etapa e oriente a turma sanando suas dúvidas.

Os alunos podem registrar as ideias e os pontos que acharem mais significativos durante o processo criativo, criando um portfólio, que além de ter a função de auxiliar no acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem, também consiste em um rico registro pessoal.

Aula 8

Nas aulas anteriores, os alunos elaboraram e ensaiaram a música criada a partir do tema meio ambiente. Agora, eles podem sugerir formas de apresentá-la para outras turmas da escola, pensando no espaço em que vão se apresentar, como palco, quadra, pátio, entre outros. A partir das sugestões da turma, organizar com a direção e os funcionários da escola um momento para a apresentação, que terá por volta de 2 a 3 minutos.

Após a apresentação, retornar com os alunos para a sala ou fazer um círculo no próprio local e dialogar sobre a experiência, desde as primeiras práticas e discussões anteriores até a elaboração da música final.

Dialogar sobre as impressões dos alunos dessa experiência, quais momentos consideraram mais ou menos significativos e que pontos modificariam. Além disso, discutir sobre o processo criativo e do trabalho coletivo.

Ao longo das aulas, é essencial observar as facilidades e dificuldades dos alunos, procurando auxiliá-los quando necessário e instigar a curiosidade para potencializar o processo de ensino-aprendizagem. Os registros criados por eles durante as aulas são essenciais para o processo avaliativo e para que o próprio aluno perceba, analise e reflita sobre seu processo criativo e desenvolvimento pessoal.

Para trabalhar dúvidas

Muitos alunos podem apresentar dificuldades ou dúvidas em relação à linguagem musical e aos seus elementos, principalmente a notação musical. Ainda que as partituras trabalhadas nas aulas sejam as não convencionais, é importante que os alunos estabeleçam um primeiro contato com a notação musical, de modo que instigue e desperte seu interesse por criar representações para os sons de forma básica, e não complexa.

Ao elaborar uma partitura criativa, o aluno percebe a importância e as possibilidades de representar e criar registros sonoros, desenvolve a capacidade de relacionar e representar sons por meio de figuras gráficas, gestos e movimentos.

O contato com a notação musical e a criação de uma partitura não convencional pode ser algo inédito para a maioria dos alunos; por isso, eles podem apresentar dificuldades e dúvidas, principalmente quanto à regência. Nesse caso, é possível sugerir pesquisas ou até mesmo apresentar alguns exemplos de espetáculos, como um concerto de orquestra e uma performance contemporânea ou experimental. Podem-se estabelecer comparações ou relações, apresentando, além das partituras não convencionais, as convencionais.

Ao apresentar as partituras não convencionais, é possível destacar como cada artista procurou criar sua representação para os sons. Se a partitura tiver uma interpretação, procurar mostrá-la, analisá-la e tentar interpretá-la juntamente com os alunos.

Ampliação

Os alunos podem explorar ainda mais a composição de sons de maneira lúdica trabalhando a sonoplastia. Pode-se propor a escolha de uma cena de filme ou desenho animado e recriar suas sonoridades (sonoplastia). É interessante que a cena apresente uma dinâmica de sons, para que os alunos possam explorar diversas fontes sonoras e ampliar a capacidade de representar e criar diversas sonoridades.

Sugere-se o filme Vermelho como o céu (Direção: Cristiano Bortone. Itália, 2006. Classificação etária: 12 anos) para abordar a sonoplastia. O filme retrata a história real de Mirco Mencacci, um renomado diretor italiano com deficiência visual. É interessante como os personagens do filme utilizam a audição, a sinestesia e poucos recursos para criar efeitos de sonoplastia a partir dos sons naturais e artificiais.


Fonte: PNLD