26 abril 2021

O teatro e o princípio de composição por acumulação

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Sequência didática

O teatro e o princípio de composição por acumulação

Nesta sequência, será criada uma encenação com base no princípio de composição por acumulação, a partir das obras conhecidas como Accumulation (1971), da coreógrafa estadunidense Trisha Brown, que trabalhou com esse princípio.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Música

Elementos da linguagem

Processos de criação

Teatro

Contextos e práticas

Processos de criação

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Habilidades

Música

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Teatro

(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.

(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Objetivos de aprendizagem

Estimular a discussão e a reflexão sobre a criação em dança e teatro contemporâneos.

Explorar alguns elementos constitutivos do movimento encenado, tendo por base a dança e o teatro contemporâneos.

Experimentar processos de improvisação e de composição em cenas.

Questionar a relação entre gesto cotidiano e gesto dançado ou encenado.

Promover o trabalho coletivo por meio da dança e do teatro.

Realizar uma encenação no ambiente escolar.

Conteúdos

Teatro

Dança

Composição por acumulação

Aparelho de som.

Materiais e recursos

Projetor e acesso à internet.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Antes de iniciar o trabalho com a proposta, considerar que muitos preconceitos ainda cercam a prática da dança, o que leva muitas pessoas a pensarem que se trata de uma atividade exclusivamente feminina ou restrita a quem tem aptidões físicas específicas. Buscar desconstruir as visões sexistas e lembrar os alunos de que as práticas de dança na escola não têm os mesmos objetivos, por exemplo, que os de um grupo profissional de dança.

Apresentar aos alunos o princípio de composição por acumulação, mostrando o trabalho da artista estadunidense Trisha Brown (1936-2017). Para isso, exibir o vídeo Accumulation, facilmente encontrável na internet.

Antes da exibição, contar aos alunos que Trisha Brown se dedicou especialmente à dança contemporânea, com ênfase na improvisação e na experimentação. Após a exibição, solicitar aos alunos que respondam oralmente às questões a seguir. Deixar que respondam livremente, em especial à última questão. Se houver tempo, exibir novamente o vídeo, para que os alunos observem melhor os movimentos dos bailarinos, para que possam perceber de forma mais clara o princípio da acumulação.

1. Comente o que mais chamou a sua atenção na dança da série Accumulation.

Resposta pessoal.

2. Pelo que você observou ao assistir ao vídeo, qual regra serve de base para a construção das sequências de Accumulation?

Há uma regra de acumulação de movimentos. Primeiramente, a artista realiza um movimento algumas vezes; depois, repete esse primeiro movimento e acrescenta um novo; em seguida, ela repete os dois anteriores e faz mais um; e assim sucessivamente.

3. Os movimentos realizados são suaves ou vigorosos? É possível perceber de qual parte do corpo cada movimento se origina?

Resposta pessoal.

Promover uma discussão sobre as diferentes respostas apresentadas e confrontar os argumentos dos alunos.

Os debates, as pesquisas e a análise crítica de obras são tão importantes quanto as experiências práticas em dança. Diferentes possibilidades de acesso à dança possibilitam a constituição do conhecimento dessa linguagem.

Aula 2

Propiciar um primeiro contato dos alunos com o princípio de composição por acumulação, permitindo que explorem os movimentos como acharem melhor, cuidando para ocupar o espaço como for possível.

Para desenvolver seu trabalho, Trisha Brown parte de gestos cotidianos, como correr, pular, balançar-se, andar, cair, pegar algo, torcer o corpo, sacudi-lo de um jeito relaxado etc. Levar os alunos para o pátio da escola e solicitar que explorem vários gestos cotidianos para posterior construção de suas sequências acumulativas com base em alguns deles. Reproduzir, diferentes estilos musicais para que possam explorar a interligação entre os movimentos e os sons.

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Iev radin/Shutterstock.com

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Iev radin/Shutterstock.com

Em ambas as fotos, bailarino da Companhia de Dança Trisha Brown durante performance em Nova York (EUA), 2010.

Orientar os alunos a perceberem que cada novo gesto pode ter origem em uma parte específica do corpo ou em uma articulação. Embora despojados e sem muita tensão, os movimentos devem ser realizados com precisão. Exigir tal precisão durante a realização das ações, que devem ser simples, adequadas às possibilidades de cada aluno e claras.

Estimular a participação de todos, mostrando que cada um deverá construir o próprio caminho na dança, contribuindo dentro de suas possibilidades e trazendo suas singularidades para o grupo. Alguns alunos vão se sentir mais à vontade em movimento e outros, nos momentos de pesquisa e debate em sala de aula. É muito importante respeitar essas afinidades; porém, não deixar de incentivá-los a se exercitarem nas diversas proposições.

Ao final dessa experiência, perguntar aos alunos se foi fácil escolher os movimentos e realizá-los em sequência, se encontraram alguma dificuldade ou se conseguiram organizar os movimentos em mais de uma sequência.

Aula 3

Partindo da exploração de gestos simples e cotidianos, possibilitar aos alunos a vivência das etapas de pesquisa, da improvisação e da criação. Organizar a turma em grupos de cinco ou seis alunos e propor a encenação de uma situação cotidiana  fila de ônibus, feira livre, sala de espera de dentista etc.  a partir do princípio de composição por acumulação, compondo a sequência da cena em um tempo limite de cinco minutos; a cena será posteriormente apresentada para toda a classe.

O tempo necessário para elaborar essa etapa pode variar de acordo com o grupo. Observar os movimentos dos alunos e encorajá-los com sugestões que os ajudem a explorar novas possibilidades e a obter maior clareza em seus gestos.

É importante que os alunos sejam estimulados a explorar diferentes posicionamentos; por exemplo, se estiverem no chão, lembre-os de que podem experimentar se deitar de costas, de lado, com as pernas dobradas ou alongadas etc.

Para estimular o trabalho de experimentação, indicar as partes do corpo que deverão iniciar as ações, sempre fornecendo o tempo necessário para que cada aluno descubra um modo próprio de realizar o movimento. É possível também convidar um aluno do grupo a conduzir oralmente a atividade, sugerindo aos colegas partes do corpo que podem iniciar os movimentos.

É importante acompanhar cada grupo em seu processo de criação, para garantir que a composição seja rica e diversificada. Estimular os alunos a variar as partes do corpo que são colocadas em ação, alternando entre movimentos dos membros superiores e dos inferiores. Encorajá-los também a diversificar a energia e a velocidade empregadas nos movimentos (movimentos mais suaves, outros mais vigorosos; lentos ou rápidos, por exemplo), de modo que o conjunto de gestos de cada grupo seja bem variado.

Aula 4

Trisha Brown levou a dança para espaços não convencionais, como a rua e os parques, bem como para o topo e a fachada dos prédios das cidades. Aplicar esse princípio na apresentação das sequências criadas pelos grupos e propor que os alunos realizem a dança em ambientes diversos da escola, e, se possível, na calçada em frente ao colégio. Solicitar aos alunos que pesquisem previamente os espaços nos quais desejam realizar a apresentação final e, juntos, definam o(s) local(ais) da apresentação.

Distribuir os grupos pelo espaço e propor a todos que comecem as sequências ao mesmo tempo, repetindo-as no mínimo por cinco vezes, sem pressa. Como cada sequência tem uma duração própria, a turma iniciará em conjunto, mas cada grupo terminará em um momento diferente. Cada grupo, ao terminar, pode se retirar do espaço ou permanecer estático, até que a última sequência termine.

Depois, reunir os alunos em uma roda e realizar um debate sobre as semelhanças e diferenças entre imitação e realidade, de maneira a ser desenvolvido, durante o debate, o senso crítico perante os fatos da vida real.

Após o encerramento das apresentações, durante o debate sobre a experiência dos alunos, propor algumas questões à turma:

Você e seus colegas conseguiram executar a sequência criada seguindo o princípio da acumulação e criando novos gestos?

Qual foi a parte do corpo mais utilizada na sequência criada por seu grupo?

Qual foi a maior dificuldade para a elaboração da sequência? Por quê?

A ordem escolhida facilitou o encadeamento dos movimentos? Foi difícil juntar um gesto ao outro?

A sequência ficaria mais interessante caso a ordem dos movimentos fosse alterada?

A sequência apresentou ao menos um gesto muito lento, um gesto dos membros inferiores do corpo, outro dos superiores e um gesto cotidiano?

Para trabalhar dúvidas

Caso algum aluno apresente dificuldade na execução dos movimentos, orientá-lo a realizar, repetidamente, gestos simples, sempre lembrando que tais gestos fazem parte do cotidiano.

Ampliação

Propor aos alunos uma pesquisa sobre artistas e companhias de dança que trabalham com a dança pós-moderna no Brasil, como o Grupo Corpo, de Belo Horizonte; as companhias de dança de Deborah Colker e a de Márcia Milhazes; e o trabalho desenvolvido por Isabel Marques, no Instituto Caleidos, em São Paulo.


Fonte: PNLD

A commedia dell’arte e o improviso teatral

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Sequência didática

commedia dellarte e o improviso teatral

Propomos trabalhar com os alunos, em grupos, a encenação e a improvisação de um trecho de uma peça de Martins Pena ou Ariano Suassuna, inserindo alguns personagens predefinidos da commedia dellarte.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Artes Visuais

Materialidades

Teatro

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Artes Integradas

Arte e tecnologia

Competências específicas

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Habilidades

Artes Visuais

(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.).

Teatro

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Artes Integradas

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Objetivos de aprendizagem

Contextualizar historicamente a commediadell’arte e suas contribuições para o teatro.

Perceber a influência da commedia dell'arte do Renascimento na comédia atual.

Perceber e explorar as habilidades e as competências corporais dos estudantes para a construção cênica.

Compreender a commedia dell’arte como uma linguagem teatral com características e personagens específicos em seu modo de produção e apresentação.

Realizar a construção de cenas teatrais que levem os estudantes a uma experiência concreta dos conceitos e das modalidades abordados sobre a commedia dell’arte.

Conteúdos

Commedia dell’arte

Teatro

Texto impresso O nariz, de Nikolai Gógol.

Materiais e recursos

Textos impressos com comédias de Martins Pena e Ariano Suassuna.

Adereços diversos e figurino (tecidos, roupas, acessórios, entre outros).

Máquina fotográfica ou celular com câmera.

Mural da sala de aula.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Para apresentar a commedia dellarte e trabalhar sob uma perspectiva histórica um dos principais gêneros do teatro e suas contribuições para as artes circenses, levar para a sala de aula imagens sobre esse gênero teatral e seus personagens, como os exemplos que seguem.

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Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Arlequim, personagem da commedia dellarte.

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Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Colombina, personagem da commedia dellarte.

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Vadim Verkner/Shutterstock.com

Representação em desenho de Pierrô, personagem da commedia dellarte.

A partir da observação das imagens, levantar uma breve discussão com os alunos partindo do campo de experiências deles com essas representações. Incluir no debate o que estiver presente no imaginário cultural dos alunos, como séries, filmes, desenhos, HQs, games e, claro, peças de teatro com que tenham tido contato e que possam relacionar ao material apresentado. Partindo desse universo narrativo da turma, investigar com eles o modo de representação da commedia dellarte.

Comentar que os elementos presentes na commedia dellarte oferecem a oportunidade de ampliação da expressividade e a possibilidade de discussão sobre questões do cotidiano, de forma leve e descontraída, em narrativas improvisadas.

Utilizar como recurso de estudo textos sobre esse gênero teatral e exemplos de peças, como a comédia O nariz, um dos clássicos da literatura russa, escrito por Nikolai Gógol entre 1835 e 1836. Com muito humor, a peça narra a história de um oficial de São Petersburgo cujo nariz abandona o rosto e decide seguir sua vida livremente.

O nariz

No dia 25 de março passado, Petersburgo foi palco de uma aventura das mais estranhas. O barbeiro Ivan Yakovlévitch, domiciliado na avenida da Ascensão (seu nome de família se perdeu e em sua insígnia figura apenas a inscrição: Pratica-se também a sangria, por debaixo de um senhor com as faces lambuzadas de sabão), levantou-se bastante cedo e percebeu um odor de pão quente. Sentando-se na cama, viu que sua esposa  pessoa respeitável e que gostava muito de café  retirava do forno pães que acabavam de ser cozidos.

Hoje eu não tomarei café, Prascovi Ossipovna, disse Ivan Yakovlévitch. Prefiro roer um bom pão quente com cebolinha.

Na verdade, Ivan Yakovlévitch gostaria muito de pão e café, mas julgava impossível pedir as duas coisas ao mesmo tempo; Prascovi Ossipovna não tolerava caprichos deste tipo.

Tanto melhor, disse a respeitável esposa jogando um pão sobre a mesa. Que o meu tolinho se empanturre de pão! Vai me sobrar mais café.

Respeitador dos bons modos, Ivan Yakovlévitch vestiu seu casaco sobre a camisa e se preparou para o desjejum. Colocou à sua frente uma pitada de sal, limpou duas cebolas, pegou sua faca e, com uma expressão grave, cortou o pão em dois. Percebeu então, para sua grande surpresa, um objeto esbranquiçado exatamente no meio do pão. Cutucou-o cuidadosamente com a faca, apalpou-o com o dedo... Que poderá ser isso?, perguntou-se sentindo a resistência.

Meteu então os dedos dentro do pão e dali retirou... um nariz! []

GÓGOL, Nicolai V. O nariz. Tradução de Roberto Gomes. São Paulo: L&PM Pocket, s.d. p. 9-10. Disponível em: <http://lpm.com.br/livros/Imagens/o_nariz.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018.

Pedir que os alunos façam uma leitura silenciosa, antes da leitura oral coletiva, a fim de construir sentidos, destacar vocabulário desconhecido, levantar dúvidas de interpretação e compreensão do trecho e observar e anotar particularidades do texto. Após a leitura do texto, é importante contextualizar a produção para a turma e apresentar para a sala de aula a biografia do autor, disponível, por exemplo, na internet, além de curiosidades sobre o contexto e o local em que acontece a história.

Solicite que, em duplas, os alunos respondam às questões propostas, a seguir, sobre o autor e seu texto.

1. Qual a nacionalidade de Nikolai Gógol?

Russa.

2. Descreva como poderia ter ocorrido o fato de o nariz aparecer dentro do pão que Ivan Yakovlévitch ia comer.

Resposta pessoal.

3. Qual o possível desfecho para o trecho apresentado do conto?

Resposta pessoal.

Estipular um tempo para a realização da atividade (de 10 a 15 minutos). O que cada dupla registre as questões e suas respostas individualmente e, em seguida, pedir que respondam oralmente às questões propostas. Proporcionar espaço para que expressem suas opiniões e debatam as questões em grupo.

Aula 2

Apresentar textos e demais materiais, como vídeos, sobre as comédias criadas por Martins Pena (1815-1848)  como A família e a festa da roçaO juiz de paz da roçaOs ciúmes de um pedestre ou O terrível capitão do mato, entre outras  e Ariano Suassuna (1927-2014)  por exemplo, Auto da CompadecidaO santo e a porcaA farsa da boa preguiça, entre outras , ambos autores brasileiros que se inspiraram na commedia dellarte para a produção de seus trabalhos.

Escolher, juntamente com os alunos, alguns trechos de comédias desses dois autores para leitura e interpretação em grupo. Espera-se que os alunos percebam algumas características da commedia dellarte nas obras estudadas. Chamar a atenção para a organização interna da peça, com destaque para o movimento entre os tempos, as marcações e os diálogos. Acima de tudo, reforçar o caráter divertido e lúdico de fazer teatro. A tentativa é praticar o teatro como uma ferramenta de aprendizado e prazer.

Depois, definir com a turma uma obra e selecionar passagens que serão encenadas em grupo pelos alunos, inserindo algum(ns) personagem(ns) da commedia dellarte. Orientar os alunos na reescrita do trecho escolhido, incluindo o novo personagem, sem perder a ideia proposta pelo autor para a cena original. Dividir a turma em grupos de acordo com a quantidade de personagens das cenas escolhidas e que interpretarão para a turma. Pedir que estudem o texto para encenação na próxima aula.

Aula 3

Disponibilizar tecidos, roupas e acessórios para os alunos e orientar que escolham algum elemento para compor o seu personagem. A atividade deve ser, principalmente, divertida. Incentivar os alunos a se divertirem na construção de seus personagens e durante a encenação.

Trabalhar a questão do improviso de uma cena, com pessoas que, muitas vezes, nunca experimentaram o ato de se expor em uma apresentação. É preciso que se entenda toda a construção da cena como um jogo coletivo, em que todos são do mesmo time. Reforçar a importância da proximidade da cena escolhida pelo grupo. Em seguida, estimular os alunos a se arriscarem em construções vocais, faciais, gestuais, enfim, construções criativas para representar os personagens.

Para a apresentação, organizar a sala em espaços de cena e de plateia. Ao final, registrar a cena com uma fotografia: o grupo escolhe um momento e cada integrante se dispõe como se estivesse no palco, no decorrer da encenação, porém sem se movimentar ou falar.

Aula 4

Discutir com a turma sobre as cenas criadas, a inserção dos personagens da commedia dellarte e a improvisação de cada grupo, apontando os resultados e identificando pontos que podem ser melhorados e ampliados.

Questionar os alunos sobre as dificuldades de representar personagens que não faziam parte do contexto original da cena: Quais as diferentes soluções que cada grupo encontrou para enfrentar esse desafio? Foi possível constatar diferenças na postura do corpo e na modulação da voz de cada personagem? Montar um mural na classe com as fotografias tiradas na aula anterior.

Para trabalhar dúvidas

Caso algum grupo apresente dificuldade na leitura e na interpretação do trecho escolhido da obra selecionada ou na inserção dos personagens da commedia dellarte, pode ser de grande ajuda disponibilizar um momento em que todos leiam os textos em conjunto novamente, esclarecendo as dúvidas que surgirem e promovendo, assim, melhor compreensão do texto.

Ampliação

Possibilite aos alunos analisar a própria participação, articulando a imaginação e a percepção, verificando a dinâmica de criação e de improvisação sobre as cenas escolhidas pelos grupos e a busca de soluções às dificuldades encontradas. Para isso, em uma folha avulsa, pedir aos alunos que respondam individualmente às questões a seguir:

Quais momentos da encenação foram mais expressivos da sua participação?

Descreva o momento da cena mais difícil ou intenso de ser realizado.

Das cenas teatralizadas, quais abordaram temas que você considera importantes? Relate uma dessas cenas.

Como transcorreu o processo de estudo e ensaio do seu grupo para chegar à cena representada?

Realizar o improviso durante a interpretação de seu personagem foi muito difícil? Explique por quê.

Cite algumas dicas para melhorar sua representação e também a teatralização dos colegas de sua turma.

Pode-se também escolher com a turma uma biografia para estudo. Para isso, elaborar e registrar uma lista de autores que interessem aos alunos e, em seguida, realizar um sorteio para a escolha do biografado. A pesquisa poderá ser feita na biblioteca ou na sala de informática.


Fonte: PNLD

improvisação teatral com máscaras

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Sequência didática

Sentimentos em jogo: improvisação teatral com máscaras

Nesta sequência, serão abordadas as emoções e a expressão corporal por meio do jogo teatral e da criação de máscaras. Os alunos produzirão uma performance com a temática bullying na escola.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Teatro

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Processos de criação

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Habilidades

Teatro

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.

(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Objetivos de aprendizagem

Investigar a origem das máscaras e sua utilização no universo teatral em contextos diversos.

Estimular o desenvolvimento da capacidade de expressão corporal.

Explorar emoções e sentimentos em jogos de improvisação.

Abordar a temática do bullying de maneira criativa.

Promover o respeito no ambiente escolar.

Incentivar práticas sustentáveis.

Conteúdos

Máscaras teatrais

Processo de criação

Materiais sustentáveis

As emoções na Arte

Jogos teatrais

bullying na escola

Caderno de desenho;

Materiais e recursos

Materiais para desenho, colagem e pintura;

Recursos tecnológicos para visualização de vídeos e imagens.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 6 aulas.

Aula 1

Para iniciar a aula, organizar os alunos sentados em semicírculo. Explicar-lhes que vão conhecer um pouco sobre o uso das máscaras em diferentes contextos artísticos.

Fazer o levantamento do conhecimento prévio dos alunos perguntando-lhes em quais linguagens artísticas eles reconhecem o uso das máscaras e em que situações elas podem ser utilizadas. A partir desses conhecimentos, propor a eles que façam uma pesquisa sobre a origem e os diversos usos da máscara ao longo do tempo. Indica-se o uso da sala de leitura e informática para a realização da proposta. As pesquisas podem ser compartilhadas com toda a turma.

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Mega Pixel/Shutterstock.com

Máscaras representando a alegria e a tristeza, sentimentos que remetem aos dois principais gêneros do teatro: a comédia e a tragédia, respectivamente. Usadas desde os tempos mais remotos, as máscaras são consideradas o símbolo máximo do teatro na Grécia Antiga.

Destacar que, ao longo da história, as máscaras foram fruto da criação de diferentes povos. Com diversos fins, a máscara destacou-se no teatro como adereço cênico repleto de mistério e simbolismos, ficção, encantamento e dualismo.

Espera-se que os alunos relacionem a origem das máscaras teatrais com os gregos e citem as festividades dionisíacas; apontem seu uso em gêneros teatrais como a commedia dell’arte (gênero de comédia surgido na Itália no final do século XV) e citem alguns de seus principais personagens (por exemplo, Arlequim, Colombina, Pantaleão, Pierrot etc.); deem exemplos do uso de máscaras em rituais religiosos e festas como o carnaval de rua no Brasil e o carnaval de Veneza.

No decorrer da aula, planejar momentos de fruição estética com trechos de apresentações teatrais. Apresentar diferentes gêneros teatrais aos alunos.

Durante a mediação, propor reflexões sobre as inspirações, motivações e funções das máscaras. Chamar a atenção da turma para os sentimentos, as sensações que as máscaras podem despertar, com ênfase no espetáculo teatral. Procurar algumas imagens de máscaras em livros ou na internet e mostrá-las aos alunos, fazendo as seguintes perguntas:

Na sua opinião, quem criou as máscaras e com qual objetivo?

Quais sensações elas despertam em você?

Qual é a principal emoção transmitida por essa máscara?

Qual é a principal característica física que retrata essa emoção?

Durante os momentos de fruição, é importante despertar o olhar do aluno para os diferentes materiais, cores e formas de que são feitas as máscaras, pois essas observações contribuirão para as propostas das aulas seguintes.

Aula 2

Para esta aula, organizar os alunos em círculo. Explicar-lhes que explorarão as emoções humanas por meio de um jogo teatral. Nesse jogo, os alunos deverão explorar emoções como raiva, nojo, medo, alegria, surpresa, tristeza, entre outras, a partir de diferentes situações que poderão ser expostas por meio de fotografias, recortes de revistas, imagens extraídas da internet, trechos de filmes, poemas, palavras sorteadas etc. Exemplos de situações: cerimônia de casamento, primeiro dia de aula, bater a cabeça sem querer em uma porta de armário aberta, chegar atrasado em uma reunião importante, reencontro de amigos, passeio com amigos, apreciar um álbum de família, entre outras. Selecionar situações que considerem a faixa etária do aluno. Notar se todos os alunos participam da proposta, até mesmo os mais tímidos, auxiliando-os na criação dos gestos e expressões.

Ao final do jogo, promover reflexões a partir de questões como:

1. Diante de quais situações você sentiu medo? E raiva? Quais despertaram alegria?

Resposta pessoal.

2. Como você representou cada uma dessas emoções?

Espera-se que o aluno tenha se baseado em emoções como raiva, nojo, alegria, medo, surpresa, entre outras, e que tenham sido demonstradas por expressões faciais complementadas pelo gestual.

3. Escolha a emoção com a qual você mais se identifica e represente-a criando a sua máscara. Esteja atento aos traços físicos, às formas e às cores que mais se adequam à situação. Que materiais você poderia utilizar na construção desta máscara?

Resposta pessoal. Espera-se que o aluno realize pesquisas, faça esboços e solte a imaginação.

Ao final, tais reflexões podem ser registradas no caderno de desenho. Relacionar as emoções que surgiram durante o jogo com as máscaras estudadas na aula anterior.

Aula 3

Nesta aula, os alunos vão elaborar o projeto para construção de uma máscara. Sugere-se que na produção da máscara a turma utilize preferencialmente materiais recicláveis e/ou biodegradáveis.

Realizar com a turma pesquisa sobre materiais recicláveis e biodegradáveis. Essa é uma ótima oportunidade para promover um diálogo entre as Artes Visuais, a Biologia e a Química. É interessante convidar professores das outras disciplinas para participar da aula.

Como sugestão, indica-se a técnica do papel machê. Pesquisar sobre suas possibilidades enquanto materialidade artística. Se os alunos optarem por esse material, atentar-se ao tempo de secagem do papel. Na pintura das máscaras, atentar-se ao uso de tintas atóxicas e para o tempo de secagem de cada tinta.

Propor que os alunos se inspirem nas aulas anteriores e busquem novas referências estéticas; que pesquisem a utilização de máscaras por grupos teatrais contemporâneos, a fim de que investiguem os materiais e técnicas utilizados na contemporaneidade.

É importante que os alunos, em seus estudos, definam:

A técnica e os materiais que serão utilizados.

As cores e formas.

A emoção a ser representada.

A proposta poderá ser realizada individualmente ou em dupla. Sugerir o uso do caderno de desenho ou diário de Arte para os registros da atividade, a fim de que todos (aluno e professor) possam acompanhar o processo de criação e produção da máscara.

Aula 4

Reservar esta aula para a confecção das máscaras. (Caso seja necessário, usar parte da próxima aula para a finalização da máscara.)

Finalizadas as máscaras, sugerir que fiquem expostas para a apreciação de toda a turma. As máscaras serão utilizadas na aula seguinte.

Aula 5

No contexto educacional, o aluno se depara o tempo todo com diferentes situações e emoções que nem sempre são harmoniosas, agradáveis.

Nas aulas anteriores, foram trabalhadas as emoções e a expressão facial e corporal através de um jogo teatral e da construção de máscaras. Nesta aula, propõe-se que seja realizada uma discussão acerca da temática bullying na escola, seguida de jogos teatrais sobre o mesmo tema.

Promover uma roda de conversa considerando as experiências pessoais e os relatos de cada aluno. Em conjunto com a turma, sugerir soluções para o problema e/ou medidas preventivas. Feito isso, organizar os alunos e propor o seguinte jogo: um grupo será convidado a simular situações em que crianças estão sendo vítimas de bullying na escola; ao som de um sinal combinado previamente, outro grupo recriará a cena de modo positivo e lúdico, dessa vez utilizando-se das máscaras confeccionadas. É interessante que as máscaras estejam em uma caixa e a escolha seja aleatória. O objetivo desse jogo é que o aluno compreenda os próprios sentimentos e o sentimento do outro, e que assim sejam formados cidadãos sensíveis, com atitudes positivas e solidárias.

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MatiasDelCarmine/Shutterstock.com

As máscaras e os jogos teatrais.

Aula 6

Para sistematizar os conhecimentos da unidade, elaborar juntamente com os alunos uma performance para promover o combate ao bullying na escola, considerando a realidade, a preferência e as habilidades da turma e de cada aluno.

Como sugestão, os alunos podem repetir o jogo da aula anterior pelos espaços da escola, em horários como o do intervalo, mas dessa vez com a participação de alunos de outras turmas e de funcionários da escola. É preciso, no entanto, conversar previamente com a coordenação da escola sobre a aplicação da proposta.

Além de despertar a criatividade e promover a socialização, essa proposta possibilita discutir sobre a função social da arte, especialmente em relação à atuação de grupos teatrais no combate ao bullying nas escolas.

Para trabalhar dúvidas

Caso algum aluno apresente dificuldade em expressar-se corporalmente, propor no início de cada aula alongamentos corporais e exercícios vocais teatrais em conjunto.

Ampliação

Os alunos poderão estudar o uso das máscaras nas comunidades indígenas brasileiras, investigando inspirações, motivações e funções do artefato em questão. A pesquisa poderá ser feita na biblioteca ou na sala de informática.


Fonte: PNLD