26 abril 2021

A diversidade cultural brasileira na dança

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Sequência didática

A diversidade cultural brasileira na dança

Nesta sequência, serão abordadas a diversidade étnica e cultural do Brasil e suas relações com a dança e os ritmos brasileiros. Ao final, será proposta a produção de um painel coletivo a respeito da temática e das experimentações em dança.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Dança

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Artes Integradas

Matrizes estéticas e culturais

Patrimônio cultural

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Habilidades

Dança

(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

Artes Integradas

(EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.).

(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Objetivos de aprendizagem

Abordar o processo de colonização e formação do povo brasileiro, bem como suas manifestações artísticas, em especial a dança.

Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial de diversas culturas, reconhecendo as matrizes indígenas, africanas e europeias e suas contribuições na formação do povo brasileiro.

Investigar a origem e as características de danças sincréticas presentes no Brasil.

Pesquisar alguns dos principais ritmos musicais utilizados nas danças mais conhecidas de diversas regiões do Brasil (maracatu, ciranda, catira, frevo, jongo, fandango, entre outros).

Conteúdos

Diversidade étnica e cultural brasileira

Danças e ritmos brasileiros

Patrimônio cultural

Percepção rítmica e fatores dos movimentos


Materiais e recursos

Materiais para produção de cartazes: folhas de cartolina, papéis variados e coloridos, lápis de cor, canetas hidrográficas, giz de cera, tinta guache, pincéis, tesoura, cola branca, cola colorida, entre outros.

Aparelho reprodutor de vídeo ou computador.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Iniciar a aula fazendo as seguintes perguntas aos alunos:

Quais são os diferentes povos que contribuíram para a formação étnica e cultural do nosso país?

Quais as principais semelhanças e diferenças entre a cultura desses povos?

Você sabe qual é a sua ascendência?

O Brasil é um país conhecido mundialmente pela pluralidade cultural, e isso se reflete nos corpos, nos gestos e nas danças. Diferentes povos, desde a época da colonização brasileira, trouxeram e trazem contribuições para a formação de danças, ritmos e sons marcados pelo sincretismo cultural.

Esta aula convida professores e alunos a refletir acerca da diversidade cultural brasileira.

Organizar a turma em pequenos grupos e, a partir de uma breve pesquisa e posterior fruição de produções artísticas que retratam a história da colonização e da formação do país, assim como as grandes ondas de imigração no final do século XIX e no início do século XX, propor a investigação e a compreensão da contribuição dos povos indígenas, africanos e europeus na formação do povo brasileiro.

Fazer com a turma uma curadoria com produções de arte de diferentes linguagens artísticas sobre a temática, a fim de realizar momentos de fruição e análise. Podem-se apresentar aos alunos, por exemplo, na pintura, obras de artistas como Jean-Baptista Debret (1768-1848), Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Lasar Segall (1891-1957), Tarsila do Amaral (18861973), entre outros.

Questionar os alunos sobre as cores, as formas e os elementos das obras, bem como sobre qual eles acham que foi a motivação de cada artista para executar a obra visualizada. Os registros e as impressões dessa aula podem ser feitos no Diário de Arte.

Aula 2

Retomar a organização em pequenos grupos feita na aula anterior. Após a pesquisa e a compreensão a respeito da formação étnico-cultural brasileira, propõe-se o estudo das manifestações culturais do país, com ênfase nas danças e nos ritmos brasileiros.

Propor que a turma explore as cinco regiões do Brasil apontando diferentes danças e ritmos de cada uma: a origem e a história de cada dança e ritmo, a vestimenta e os acessórios usados pelos dançarinos, entre outras curiosidades. Pode-se usar como exemplo o frevo, que é um ritmo musical e uma dança praticada principalmente no carnaval de Recife, em Pernambuco. Pode-se dizer que sua origem tem raízes nas culturas africana e europeia. Esse ritmo é marcado pela forte influência da capoeira e da mistura de gêneros musicais, como a marcha, o maxixe, a música clássica, o tango brasileiro e a polca. Em 2012, o frevo entrou para a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. O ritmo ligeiro do frevo enfatiza os movimentos das pernas e do abdome do dançarino. O uso de sombrinhas coloridas é uma característica marcante da dança, além de auxiliar no equilíbrio do dançarino. Exemplos de outras danças e outros ritmos brasileiros que podem ser investigados:

Maracatu;

Ciranda;

Catira;

Jongo;

Fandango;

Samba;

Coco;

Xote;

Maculelê;

Carimbó.

Para facilitar o entendimento do aluno sobre o assunto e a avaliação do professor, as pesquisas podem ser organizadas da seguinte maneira e contemplar os seguintes tópicos:

Região do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul);

Dança e ritmo musical;

Origem;

Vestimenta e acessórios usados;

Principais movimentos/gestos/passos.

Durante a aula, acompanhar o percurso de aprendizagem da turma e detectar se há modificações que se fazem necessárias para o desenvolvimento do trabalho.

Para finalizar a aula e também como um processo de avaliação, verificar os seguintes pontos em anotações, falas, reflexões e pesquisas da turma.

Exploraram ritmos e danças de diferentes regiões brasileiras? Espera-se que os alunos tenham investigado as manifestações artísticas e culturais de diferentes regiões do Brasil e, se possível, tenham estabelecido comparações entre elas.

Reconheceram as danças como manifestações sincréticas? Espera-se que os alunos tenham criado um diálogo entre o sincretismo cultural presente nas danças e nos ritmos com a formação histórico-cultural do país. Nesse ponto, é interessante também uma reflexão a respeito das imigrações atuais.

Ao conhecer sobre a pluralidade cultural e étnica do país, refletiram ou questionaram como cada cultura imprime em nós um modo de agir e de se movimentar? Espera-se que os alunos tenham reconhecido que sim.

Aulas 3 e 4

Na primeira destas aulas, sugerimos a produção de cartazes que formarão um grande painel, mostrando danças e ritmos brasileiros. Planejar com os alunos o tempo e o material necessários para a produção dos cartazes.

Conferir, em parceria com a turma, as informações coletadas na aula anterior e, posteriormente, direcionar os alunos para a produção de cartazes.

O painel poderá conter as informações sobre o tema pesquisado, com imagens que destaquem os movimentos/gestos e os passos presentes na dança. Os alunos podem compor as informações por meio do uso de fotografias, ilustrações, recortes, colagens, desenhos, pinturas e pequenos textos.

É importante que as informações sejam objetivas e de fácil visualização, bem como que as imagens contenham legendas e referências.

Após a finalização dos cartazes, definir com a turma um local adequado e o modo de fixação dos cartazes para a criação do grande painel. Para este dia, propor que cada grupo apresente, com o seu cartaz, uma trilha sonora com as músicas correspondentes às danças e aos ritmos representados. Os alunos podem preparar uma playlist de músicas que pode ser compartilhada no site ou no blog da escola, com as fotografias dos trabalhos.

Ao som das músicas pesquisadas e também de vídeos de apresentações de dança e ritmos brasileiros, propor experimentações corporais e rítmicas. Orientar os alunos a sentir a pulsação de diferentes ritmos e danças, e, juntos, brincar com a diversidade presente nas danças brasileiras. Sugerir que, antes de mexer o corpo por inteiro, tentem perceber o ritmo da música apenas com uma parte dele, como o balançar dos dedos ou da cabeça.

Ao som de um samba, por exemplo, como nosso corpo reage? É possível acompanhar o ritmo dessa música apenas com o bater dos pés? Como ficaria acompanhar esse ritmo com o corpo todo? Ao ouvir outro ritmo musical, a sensação é a mesma? E os movimentos do corpo?

Como os corpos dos dançarinos exploram o espaço em danças como o jongo? E no frevo? Como você exploraria o espaço ao dançar um desses ritmos?

Durante a prática, podem-se apresentar danças típicas de outros países e estabelecer comparações com as danças brasileiras. Como sugestão, é interessante explorar os seguintes fatores de movimento tempo, espaço, peso e fluência.

A dança brasileira se parece com danças de outros países? Há movimentos semelhantes? Qual a intensidade dos movimentos? Quais partes do corpo e espaço predominam nessas danças? Essas danças têm a mesma velocidade?

Para trabalhar dúvidas

Na aula 1, seria interessante abordar com os alunos o conceito de patrimônio cultural, que caracteriza bens de natureza material e imaterial. Organizar uma roda de conversa com o intuito de despertá-los para a conscientização e a reflexão sobre o patrimônio cultural artístico e cultural do país.

site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) traz informações sobre o assunto e pode contribuir no trabalho de pesquisa, seja com sugestões de caminhos, seja com conteúdo. (Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 9 out. 2018.)

Ampliação

As danças e os ritmos brasileiros envolvem muita brincadeira, mas também coreografias e passos complexos que exigem bastante treino, e é possível experimentar com a turma alguns passos tradicionais das danças brasileiras. Sugerimos a realização de pesquisas e reflexões durante a prática a respeito das possibilidades das danças tradicionais em uma abordagem contemporânea. Para auxiliar na reflexão, assistir com a turma a trechos de espetáculos de dança, por exemplo, Delírios, um espetáculo solo em que vários ritmos musicais são apresentados. (Direção: Ana Catarina Vieira. Produção e interpretação: Ângelo Madureira. Brasil, 2015. 47min43s.)


Fonte: PNLD

Arte e identidade cultural

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Sequência didática

Arte e identidade cultural

Nesta sequência, serão abordados o sincretismo e as matrizes étnico-culturais, por meio da produção de um Livro de Artista ou livro-objeto que sintetize o sincretismo étnico-cultural brasileiro e a identidade cultural dos alunos.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Artes Visuais

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Materialidades

Processos de criação

Competências específicas

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Habilidades

Artes Visuais

(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(EF69AR03) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etc.), cenográficas, coreográficas, musicais etc.

(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.).

(EF69AR06) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Objetivos de aprendizagem

Compreender características da sociedade brasileira com relação ao sincretismo.

Discutir como se dá a construção das relações étnico-culturais no Brasil.

Fruir e analisar manifestações artísticas e culturais da matriz africana.

Identificar e relacionar as matrizes étnicas e culturais brasileiras ao processo de miscigenação.

Reconhecer, valorizar e refletir sobre o sincretismo e as diversas matrizes étnico-culturais do Brasil.

Reconhecer, valorizar e retratar a identidade étnico-cultural por meio de experimentações artísticas.

Conteúdos

Sincretismo étnico-cultural

Matrizes étnico-culturais

Livro de artista (livro-objeto)

Identidade cultural


Materiais e recursos



Projetor de imagem e aparelho de som.

Revistas e jornais velhos.

Tesoura, cola, linha grossa (do tipo para bordar) e agulha.

Lápis, canetas e tintas como aquarela, guache e acrílica.

Objetos descartados ou miudezas sem uso e objetos orgânicos (folhas, sementes etc.).

Livro ou caderno cru.

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 5 aulas.

Aula 1

Para dar início à aula, convidar os alunos para um momento de fruição e discussão. Para isso, é interessante organizá-los em semicírculo e iniciar o diálogo com as seguintes questões:

Vocês já ouviram falar sobre matriz étnico-cultural e sincretismo? O que acham que isso significa?

Será que no Brasil só há uma cultura?

Você conhece alguma pessoa de outro país? Se sim, quem? Fale-nos um pouco sobre essa pessoa.

É possível que os alunos desconheçam os conceitos de matriz estética e sincretismo por meio dessas denominações; porém, é bem provável que conheçam seu significado. Por isso é importante permitir que compartilhem suas respostas, apontando direções que os faça refletir e se aproximar do significado desses conceitos. Por exemplo, ao discutir a segunda pergunta, surgirão direcionamentos que os levarão a relacionar a cultura aos termos da primeira pergunta.

Para que os alunos reflitam mais a respeito dessas questões, é interessante apresentar a eles obras que abordem temas como o sincretismo e as matrizes étnico-culturais brasileiras, com destaque para as africanas. Para enriquecer a nutrição estética, o repertório do aluno e o diálogo, é válido utilizar, durante a mediação, obras de diversos artistas e períodos, bem como trechos de produções cinematográficas ou audiovisuais. Recomendamos a abordagem de obras como as dos artistas brasileiros Flávio Cerqueira, Ayrton Heráclito e Rosana Paulino.

Ao longo da mediação, pode-se dialogar a respeito do contexto em que a obra foi criada, estabelecendo relações ou distinções com o contexto do artista e o dos alunos. Esse momento é ideal para que se propicie uma mediação em que os alunos reflitam, argumentem e analisem as questões envolvidas nas obras, pois eles são também protagonistas no processo de ensino-aprendizagem. As questões a seguir podem impulsionar o diálogo:

Quais sensações essas obras transmitem para vocês?

Será que existem elementos em nosso cotidiano presentes nas obras? Vocês conseguem indicar algum?

Vocês se identificam com alguma das obras?

Ao analisar essas obras, elas nos dizem algo a respeito da cultura brasileira?

Não é necessário apresentar todas as obras para, em seguida, fazer as perguntas, uma vez que o diálogo pode suscitar outras questões. Fica a seu critério organizar como as obras serão abordadas, porém é importante considerar que a mediação seja dinâmica. Além disso, o foco é que o aluno reflita acerca da matriz africana como integrante dos processos sociais, culturais, econômicos, políticos e artísticos, percebendo, refletindo e valorizando sua importância. Podem-se abordar, também, por meio da leitura das produções artísticas, a ideologia da democracia racial e o ideal de branqueamento.

Propor aos alunos que pesquisem costumes ou manifestações artísticas resultantes do sincretismo étnico-cultural presente em seu bairro ou sua cidade. A pesquisa pode ser realizada na sala de informática; o ideal, porém, é que os alunos pesquisem em seu bairro, observando as manifestações culturais para, aí sim, pesquisar suas possíveis origens em livros, na internet etc. As pesquisas podem ser registradas em ilustrações, fotografias e textos, que serão utilizados na aula seguinte.

Aula 2

Para iniciar a aula, organizar os alunos em círculo, para que possam compartilhar os resultados da pesquisa sugerida na aula anterior. Nesse momento, é interessante posicionar algumas mesas no centro da roda de alunos com as imagens pesquisadas, de modo que todos possam observá-las. Pode-se também possibilitar que cada aluno comente brevemente sobre sua pesquisa e a de seus colegas.

Muitas semelhanças e distinções podem surgir e é interessante que os alunos notem isso ao longo da discussão. Eles podem analisar como tradições e costumes cotidianos o que é resultante da mescla entre culturas. Um ótimo exemplo são as comidas e as danças, cujas origens passam despercebidas no dia a dia.

É importante que os alunos reflitam criticamente sobre a supervalorização da cultura herdada das matrizes europeias, notando, em suas pesquisas, como os traços da matriz africana ainda são desvalorizados por muitos.

Trazer para o diálogo outros elementos culturais originários da matriz africana ou que são frutos do sincretismo étnico-cultural, como músicas, ritmos, danças, vestimenta, entre outros.

Pedir que os alunos anotem e respondam às seguintes perguntas no caderno (ou no Diário de Arte) como forma de registrar o que foi discutido ao longo das aulas.

Além das perguntas, os alunos podem fazer anotações ou desenhos das ideias que acharem mais interessantes. Estipular um tempo para que eles respondam às questões e depois organizar uma roda de conversa, para que todos possam compartilhar suas respostas. É sempre importante dedicar um tempo para a troca de ideias.

1. Quais matrizes étnicas e culturais você acha que constituem o Brasil?

Resposta pessoal. Como a questão foi discutida no decorrer das aulas com destaque para a matriz africana, espera-se que os alunos considerem ao menos a matriz africana. Considerar também como parte da resposta a matriz indígena.

2. Quais costumes brasileiros podem ser fruto do sincretismo cultural brasileiro?

Resposta pessoal. Com base na pesquisa e na discussão, os alunos poderão identificar muitos costumes ou manifestações resultantes do sincretismo. Por exemplo, o hábito de tomar mais de um banho por dia (costume indígena).

Após o diálogo, propor aos alunos que façam uma colagem de imagens que retratem costumes ou manifestações brasileiras possivelmente resultantes do sincretismo étnico-cultural. Para isso, eles podem utilizar suas pesquisas e recortes de revistas ou jornais. Essa proposta pode ser realizada coletivamente, e a turma pode identificar manifestações sincréticas, analisando-as em conjunto. Por exemplo, se os alunos elegerem uma dança, podem anotar ao lado as possíveis matrizes dessa dança; além disso, o mural de colagem servirá como um incentivo à pesquisa, já que poderão conferir se seus palpites coincidem com os de outros grupos.

Por fim, os alunos farão uma nova pesquisa extraclasse, dessa vez para investigar as matrizes étnico-culturais de sua família e/ou seus antepassados. Essa investigação propõe a valorização e a compreensão da própria identidade étnica, cultural e histórica. O registro da pesquisa pode ser realizado a partir de fotografias ou cópias delas, desenhos, gravações audiovisuais, pinturas, recortes e textos, que serão utilizados posteriormente.

Aula 3

Iniciar uma conversa com os alunos, realizando um breve diagnóstico do que recordam acerca das discussões anteriores. Em seguida, propor que se organizem em grupos para que possam compartilhar o que descobriram em suas pesquisas.

Cada aluno poderá comentar sobre as matrizes étnico-culturais percebidas em sua família e/ou seus antepassados e quais costumes ou manifestações podem ter resultado do sincretismo cultural. Nesse momento, é interessante chamar a atenção dos alunos para que observem como os costumes de diversas etnias podem se repetir em diferentes famílias por gerações e, ao mesmo tempo, como as famílias ou os antepassados possuem sua singularidade.

Com base nas pesquisas e nos registros feitos pelos alunos, propor a criação coletiva de um Livro de Artista, em que possam explorar diversas linguagens e materialidades por meio de desenho, pintura, fotografia, colagem etc. A ideia é que os alunos sintetizem no Livro de Artista a pluralidade étnico-cultural brasileira, buscando valorizar suas identidades. Para a elaboração do livro, realizar uma medição com exemplos de livros de artista ou livros-objeto. Trabalhos de artistas como Genevieve Seille, Barton Lidice Beněs e Artur Barrio podem nortear a mediação.

Pedir que os alunos coletem, e tragam para a próxima aula, materiais diversos, como recortes de jornais e revistas, fotografias ou cópias delas, objetos descartados ou miudezas sem uso e, se desejarem, material orgânico como folhas e sementes caídas. A base para a feitura do livro pode ser um caderno ou livro cru, mas é possível utilizar papéis diversos para formar um livro (nesse caso, será preciso auxiliar os alunos na colagem ou na costura das páginas). Ainda com a formação em grupos, reservar o fim desta aula para que os alunos comecem a trocar ideias e a se organizar.

Aula 4

Para dar início à aula, pedir que os alunos voltem à formação em grupo da aula anterior. Em seguida, retomar com a turma a proposta sugerida anteriormente sobre a elaboração de um Livro de Artista.

Antes de iniciar a execução do trabalho, certificar-se de que os grupos dispõem de materiais básicos como canetas, lápis, cola, tesoura e tinta, além daqueles solicitados na aula anterior. Os grupos podem criar um esboço das ideias, se preferirem.

É importante orientar os grupos quando surgirem dúvidas e acompanhar o andamento da prática. Além disso, pode-se realizar um breve diálogo explicando o foco da proposta, que é a pluralidade e o sincretismo étnico-cultural brasileiro, de modo que o livro contenha traços de todos os integrantes do grupo. Uma possibilidade é que cada aluno realize um esboço de suas ideias, e, em seguida, o grupo pode discutir a melhor maneira de conectar ou integrar as ideias. O ideal é que não se prendam somente a uma técnica, mas que busquem explorar diversas linguagens, como o desenho, a pintura, a colagem, entre outras. Para a realização da proposta, talvez seja necessário usar uma parte da próxima aula.

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Sussi Hj/Shutterstock.com

Livro colorido feito à mão utilizando papéis variados.

Aula 5

Nesta aula, serão realizadas a exposição, a fruição e a análise dos Livros de Artista entre a turma. Os alunos podem dialogar e refletir a respeito de seus processos criativos, expondo suas observações acerca do trabalho executado.

É interessante organizar a sala e expor os livros para que todos possam observá-los e analisá-los coletivamente. O diálogo a respeito do processo criativo é essencial para que os alunos reflitam sobre a importância das pesquisas e dos registros realizados ao longo das aulas, e sobre como a abordagem dos temas sincretismo e matrizes étnico-culturais fomentou a expressão de pensamentos, ideias e sentimentos por meio da criação artística e da experimentação.

Os alunos podem comentar sobre os livros, destacando os pontos que lhes chamarem mais a atenção, quais técnicas e elementos observam e que sensações os livros transmitem. Após compartilharem suas impressões iniciais, os grupos podem discorrer brevemente sobre seu processo de criação. Dessa forma, a turma poderá perceber diferentes visões e a singularidade de cada grupo ao retratar a pluralidade e o sincretismo étnico-cultural.

Por fim, pode-se propor à turma a realização de uma exposição dos livros. Se os alunos concordarem, combinar com a direção da escola um local da escola onde possa ocorrer a exposição. É importante escolher adequadamente o local e o suporte onde serão expostos os livros.

Para trabalhar dúvidas

Ao longo da fruição e do diálogo, é possível que alguns alunos tenham dúvidas em relação aos termos sincretismo e matriz étnico-cultural. A realização de um diagnóstico durante as aulas é essencial para que se possa perceber quando o aluno não compreendeu algum tópico. Neste caso, é aconselhável realizar pausas no diálogo para esclarecer dúvidas que possam surgir.

No momento da construção do Livro de Artista, é aconselhável esclarecer aos alunos que a proposta não se trata apenas de uma colagem em livro, pois há infinitas possibilidades de experimentações. É interessante que os livros-objeto de artistas apresentados sejam de tipos variados. Dessa forma, é possível ampliar o olhar da turma para a experimentação, a criatividade e a curiosidade no momento da prática.

Ampliação

Se possível, organizar uma visita a exposições e museus de sua cidade que retratem a cultura afro-brasileira e o sincretismo étnico-cultural no Brasil.

No país existem muitos acervos de obras de arte que retratam as matrizes brasileiras. O Museu Afro Brasil, em São Paulo, possui um acervo com mais de 6 mil obras que abrangem os temas religião, trabalho, escravidão, arte, entre outros, voltados às culturas africana e afro-brasileira. O museu conta também com um acervo digital que disponibiliza mais de 5 mil obras. É possível navegar pelo acervo digital do Museu Afro Brasil por meio do link <http://www.museuafrobrasil.org.br/acervo-digital> (acesso em: 9 out. 2018).

Outra fonte de pesquisa sobre diversidade étnico-cultural é o Museu da Pessoa, em cujo site é possível encontrar histórias de pessoas de todas as origens. É possível também contar a própria história e montar a própria coleção de imagens. O endereço do site é <http://www.museudapessoa.net/pt/o-museu-da-pessoa> (acesso em: 9 out. 2018).


Fonte: PNLD

Aculturação: eles somos nós, nós somos eles

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Sequência didática

Aculturação: eles somos nós, nós somos eles

Nesta sequência, buscamos estimular o diálogo sobre o processo de aculturação no Brasil, considerando diferentes visões de diferentes povos em um mesmo contexto histórico, social, artístico e cultural.

A BNCC na sala de aula

Objetos de conhecimento

Teatro

Contextos e práticas

Elementos da linguagem

Processos de criação

Artes Integradas

Matrizes estéticas culturais

Competências específicas

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.

Habilidades

Teatro

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Artes Integradas

(EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.).

Objetivos de aprendizagem

Valorizar as diversas manifestações culturais.

Utilizar diferentes linguagens para se expressar e partilhar informações.

Identificar interpretações que expressem diferentes visões de diferentes povos em um mesmo contexto histórico.

Conteúdos

Aculturação

Jogo cênico


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Materiais e recursos

Papel

Lápis e/ou caneta.

Mapa-múndi.

Celular com recurso de gravação ou filmadora.

Caixa de papelão vazia (de sapato, por exemplo).

Desenvolvimento

Quantidade de aulas: 4 aulas.

Aula 1

Organizar os alunos em círculo ou de algum outro modo que facilite o diálogo entre eles e o professor.

Iniciar a roda de conversa sobre a aculturação e as influências que o Brasil sofreu com a chegada dos portugueses e de outros povos vindos, a princípio, do continente europeu. É importante atentar para a diversidade de povos e culturas que aqui chegaram e para a influência que exerceram na arte, na história, no contexto social e, consequentemente, na cultura.

A formação cultural, artística, social e histórica do Brasil é o resultado da junção de povos distintos: inicialmente, da confluência entre indígenas, portugueses e africanos; posteriormente, de povos de outras localidades do mundo, principalmente quando das duas grandes guerras, que foram responsáveis pelo grande fluxo migratório para o Brasil. A aculturação ocorre a partir do contato e da modificação das culturas dos indivíduos, que passam a se desenvolver diferentemente das culturas de suas matrizes formadoras. Essas mudanças podem retirar traços significativos de suas origens e influenciar a vivência cotidiana, a produção artística, as manifestações religiosas, a alimentação e o desenvolvimento social, político e, consequentemente, histórico. As mudanças culturais, históricas e sociais são inevitáveis, e por diversas vezes as transformações são positivas, proporcionado novos significados. Trabalhar esse assunto com o auxílio de um mapa-múndi contribui para a visualização e a compreensão da disposição e da origem dos diversos povos que migraram para o Brasil.

Para estimular os alunos a refletirem sobre os processos de aculturação, podem-se lançar algumas perguntas, como:

Em que região do país nasceram as pessoas mais próximas a você (da sua família, por exemplo)?

Quais povos mais contribuíram para a formação do estado em que nasceram as pessoas de sua família?

Qual a origem do seu sobrenome?

Na sua opinião, quais os pontos positivos das mudanças culturais?

Que elementos do seu dia a dia (alimentos, roupas, instrumentos musicais, entre outros) você acha que são originários de outros povos?

Aula 2

Retomar com os alunos os principais pontos da aula anterior.

Com o objetivo de refletir sobre a construção de um espaço de atuação, os alunos serão convidados a escrever uma carta anônima que relate sua experiência com o seu processo de aculturação. As cartas serão depositadas em uma caixa que ficará aos cuidados de um aluno. É importante que cada aluno registre o máximo de informações possível sobre o tema. Também é relevante dizer que essas informações serão sistematizadas e a ação cênica poderá ser filmada (com câmera de celular, por exemplo).

Incentivar os alunos à criação de vozes diferentes com possíveis variações de entonações, relacionando sentimento e forma da voz. Entonação de voz significa as possíveis variações no tom da voz; são diferentes modos de como o som vocal é emitido, como as palavras são faladas e articuladas. Durante a leitura do texto, observar com a turma a expressão facial do leitor e sua relação com o que está lendo.

Aula 3

Iniciar a aula dividindo a turma em dois grupos: um deles será plateia e o outro participará do jogo cênico como propositor da ação, com posterior inversão de papéis. O grupo propositor deve se posicionar no local escolhido para a encenação. A um comando do professor, um participante do grupo propositor deve ler uma carta que retirou aleatoriamente da caixa e sistematizar, com as próprias palavras, os pontos que considerar mais importantes. Isso será feito por todos os participantes do grupo propositor. Cada participante precisará explicar as características de aculturação que leu.

Esse jogo cênico deve ser gravado para posterior discussão e conclusão da atividade.

Aula 4

Esta proposta tem o objetivo de construir um vínculo entre os alunos, em que as diferentes dimensões da vida (histórica, social e cultural) são valorizadas e respeitadas.

Reunir os alunos em círculo para discutir os resultados da atividade, compartilhando percepções, sentimentos e ideias que surgirem. Finalizar com a visualização da gravação do jogo cênico.

Para trabalhar dúvidas

Explicar aos alunos, por meio de exemplos, o que é o processo de aculturação facilita a compreensão do tema. Procurar apresentar também referências visuais, para que o tema fique ainda mais claro.

Ampliação

Reunir os alunos em uma roda de conversa para que relacionem os aprendizados que adquiriram com esta sequência didática e que se autoavaliem em relação ao próprio comportamento no que se refere ao entendimento e ao respeito pelo outro.


Fonte: PNLD