09 junho 2021

Bloco de atividades: Contos Populares aulas remotas


LÍNGUA PORTUGUESA - 1ª, 2ª E 3ª AULA – CONTOS POPULARES

 

Neste bloco estudaremos sobre contos populares e para vocês compreenderem melhor os textos apresentados aqui, faremos um breve relato sobre esse gênero e suas características.

A palavra conto deriva do termo latino computus, que significa “conta”. O conceito faz referência a uma narrativa breve e fictícia. A sua especificidade não pode ser fixada com exatidão, pelo que a diferença entre um conto extenso e uma novela é difícil de determinar.

Um conto apresenta um grupo reduzido de personagens e um argumento não demasiado complexo, uma vez que entre as suas características aparece a economia de recursos narrativos.

É possível distinguir entre dois grandes tipos de contos: o conto popular e o conto literário.

O conto popular tende a estar associado às narrativas tradicionais que são transmitidas de geração em geração, oralmente (de “boca em boca”). Podem existir várias versões de um mesmo relato, tendo em conta que há contos que conservam uma estrutura semelhante embora com diferentes detalhes.

O conto literário, por sua vez, está associado ao conto moderno. Trata-se de relatos concebidos por escrito e transmitidos da mesma forma. Apesar de a maioria dos contos populares não apresentarem um autor diferenciado, o caso dos contos literários é diferente, já que o seu criador costuma ser conhecido.

Todo conto precisa possuir um narrador, ele é o responsável por apresentar os fatos. Esse tipo de gênero textual teve origem na tradição que se tinha de contar histórias verbalmente, onde os pais escutavam-nas de seus pais e as transmitiam aos seus filhos.

Entre os contos escritos na língua de Camões, destaca-se A Gravura (de Irene Lisboa), que faz parte das histórias sobre os “Sonhos in «Uma Mão Cheia de Nada Outra de Cousa Nenhuma”, Porto, Livraria Figueirinhas, s/d.

Os contos eram usados para relatar histórias fantasiosas ou folclóricas, por exemplo. Por muito tempo foi assim, devido a isso o conceito ficou relacionado a esses temas por um certo período. Mas quando novas técnicas e estilos de escrita foram adotadas, o termo se tornou mais abrangente.

Uma das características do conto é que ele possui um enredo único, geralmente focando apenas em uma situação. E um conto também é simples de ser interpretado, ao contrário de outros gêneros textuais. Nele também as histórias costumam se desenrolar em um espaço de tempo mais curto.

O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora menciona que a palavra conto também se pode referir ao relato indiscreto de um sucesso, à narração de um sucesso falso ou a um engano. Por outras palavras, uma mentira, uma peta ou ainda um boato. Por exemplo: “O Pedro veio com o conto (a história) que não consegue arranjar um emprego”.

A frase “Conto da Carochinha” é usada no Brasil para quando uma pessoa está contando uma mentira. 

Para começar vamos fazer a leitura com bastante atenção do texto a seguir.


Atividades das aulas 1, 2 e 3

OS DOIS PAPUDOS

Ruth Guimarães

        Vivia numa povoação um alegre papudo, estimado de todos, muito folgazão e boêmio. Não o impedia o papo de soltar grandes risadas. Pouco se lhe dava que o achassem feio, ou o chamassem de papudo. A verdade é que o tal papo o incomodava, mas o que não tem remédio remediado está, filosofava ele. E vamos tocar viola, e vamos amanhecer nos fandangos, viva a alegria, minha gente, que se vive uma vez só.

        Certo dia, foi ao povoado vizinho, a uma festa de casamento, levando embaixo do braço a inseparável viola. Demorou mais que de costume, bebeu uns tragos a mais, porém não deixou de voltar para casa, pois era tão trabalhador quanto festeiro, e tinha que pegar no serviço no outro dia bem cedo.

Havia luar. Num grande estirão avistava a estrada larga, as touceiras de mato. Passava o gambá por perto dele, e o tatu, roncando, e voava baixo, silenciosamente, a corujinha campeira. O papudo não sentia medo. Andava em paz com Deus e com os homens. Os animais, que adivinham nele um homem de coração compassivo, também não tinham medo dele.

       De repente, ao virar numa curva, viu embaixo da figueira-brava, ramalhuda, uma roda de anões cantando. Todos com capuzes vermelhos, cachimbo com a brasa luzindo, a barba branca comprida, descendo até a altura do peito.

        -- O que será aquilo?

       Por um instante teve algum temor. Mas era tarde para fugir. Os foliões já o tinham visto. E, se tratava de festa, isto era com ele. Saltou decidido para o meio da roda, empunhando a viola.

       -- Eu também sei cantar.

       Enquanto pinicava as cordas, prestava atenção às palavras dos dançarinos. Eles entoavam:

      Segunda, terça

      Quarta, quinta...

      E tornavam ao começo:

      Segunda, terça

      Quarta, quinta...

      E assim sempre [...]. Acostumado aos desafios, a improvisar, o papudo esperou a sua deixa. Assim que os anões começaram:

      Segunda, terça

      Quarta, quinta...

      Ele emendou:

      Sexta, sábado

      Domingo também.

      A roda pegou fogo. Os pequenos duendes barbudos gostaram da novidade. Rodopiavam cantando numa animação delirante, e foi assim a noite toda. E o papudo tocando e dançando.

      De madrugada, ao primeiro cantar do galo, a roda se desfez. O mais velho deles, e que parecia o chefe, perguntou-lhe:

-- Que é que você quer, em paga de ter tocado para nós?

-- Eu até que me diverti com esta festa - replicou o papudo.

  -- Mas peça qualquer coisa.

  -- Posso pedir seja o que for?

  -- Pode.

  -- Eu queria - disse ele, meio hesitante - queria me ver livre deste papo, que me incomoda muito.

    Um anãozinho agarrou o papo com as duas mãos, subiu pelo peito do papudo, firmou bem os pés, deu um arrancão.

      O papudo fechou os olhos.

      -- Agora eles me matam.

      De repente sentiu o pescoço leve. Abriu os olhos. Os anõezinhos tinham sumido. Não ouviu mais nada. Meio cinzento, despontava o dia.

       "Sonhei", pensou ele. "Bebi demais naquele casamento."

       Passou a mão pelo pescoço, estava liso, sem excrescência nenhuma.

       "Agora fiquei mais bonito", pensou também, muito satisfeito.

       E aí deu com o papo jogado em cima do cupim.

       Agarrou a viola e foi para casa.

       Imagine-se a sensação que não foi, o papudo amanhecer, sem mais nem menos, sem o papo.

      -- Que milagre foi esse? - perguntavam.

      Papudo ria, papudo cantava, continuava folgazão como sempre, mas não contava a aventura, de medo que o chamassem de louco, e não acreditassem.

      Esse moço tinha um compadre, que também era papudo.

      E tanto apertou o amigo, e tanto falou:

      -- Eu também quero me ver livre desse aleijão. Quero ficar bonito, e arranjar uma namorada. Você não é amigo.

      Foi assim, até que o moço lhe contou tudo.

      O outro encarou, incrédulo.

      -- Verdade?

      -- Verdade.

      -- O anão falou que você podia pedir o que quisesse?

      -- Falou.

      -- E você em vez de pedir riquezas, pediu para ficar sem o papo?

      -- Ora, pobreza não me incomoda, mas o papo incomodava.

      -- Mas você é louco. Você é um burro. Pedisse riqueza. Quem é rico, que é que tem o papo? Quem se incomoda com papo? Eu, se fosse rico, me casaria com uma mulher bonita, do mesmo jeito. Você é bobo. Onde é esse lugar, onde você encontrou os fantasmas?

      O outro preveniu:

      --Compadre, você vai lá com esganação, vai ofender os anõezinhos, e ainda se arrepende.

      -- Nada disso. Você o que é, é um egoísta. Está formoso, que se danem os outros.

      Aí o moço encolheu os ombros e falou:

      -- Sua alma, sua palma. Vá lá, depois não se queixe.

      Ensinou onde era, o compadre invejoso agarrou a viola e foi, noite alta, direitinho como o outro tinha feito. Também era noite de luar. Também dançou a noite inteira, cantando. Ao primeiro cantar do galo a roda se desfez.

      -- Que é que você quer, em paga de ter tocado para nós?

      O papudo deu uma piscadela maliciosa para o anão e falou, esfregando o indicador e o polegar, no gesto clássico, que significa dinheiro:

      -- Eu quero aquilo que o meu compadre não quis.

      Um anãozinho foi ao cupim, tirou o papo do outro que estava lá, e grudou em cima do papo do invejoso.

      E assim, por sua louca ambição, ele ficou com dois papos.

 GUIMARÃES, Ruth (org.). Lendas e fábulas do Brasil, 4. ed. São Paulo: Cultrix, 1972.

Vocabulário

Aleijão: deformidade física.

Campeiro: próprio ou natural do campo.

Compassivo: que tem ou revela compaixão.

Cupim: ninho de insetos, cupinzeiro.

Desafio: disputa musical em que dois cantores se alternam com versos improvisados.

Estirão: trajeto extenso.

Excrescência: saliência, o que cresce a mais.

Fandango: baile popular, festa com dança.

Folgazão: brincalhão.

Ramalhudo: repleto de ramos.

Touceira: grande touça, moita ou vegetação.

Trago: aquilo que se bebe, gole.

 


Para entender o texto:

1. O conto tem como personagem dois homens com uma característica peculiar (próprio).

a) Que característica é essa? Os dois homens se sentem satisfeitos com ela?

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b) Como as pessoas da história reagem a essa característica das personagens?

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c) Ao longo do conto, há uma oposição entre as duas personagens principais. Qual é a diferença entre elas?

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2. Releia o sexto parágrafo do texto:

 

a) Por que os foliões provocam medo no homem?

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b) Que estratégia a personagem usa para enfrentar a situação?

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c) Como se caracteriza, no texto, o ambiente onde se passa?

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3. Por que os anões transformaram o homem?

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4. No fim do conto, as duas personagens principais foram modificadas.

a) Que mudanças ocorrem com cada personagem?

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b) Por que elas aconteceram?

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5. Observe as expressões iniciais do primeiro e do segundo parágrafos: “ Vivia numa povoação” e “ Certo dia”.

a) Qual delas indica que ocorrerá uma mudança na história?

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b) Qual delas marca quando acontece a narrativa?

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6. Que expressões indicam quando terminam os encontros com os anões?

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7. Se as expressões apontadas nas questões 6 e 7 não fossem utilizadas, que efeito isso causaria no conto?

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8. Em quanto tempo se desenvolveram as ações narradas na história?___________________________________________________________________________________


LÍNGUA PORTUGUESA – 4ª e 5ª AULA – CONTO POPULAR

 Atividades das aulas 4 e 5

 

Uma coisa puxa a outra

Diversão na roça

 

Muitos contos populares se passam em ambiente rural, e é nesse cenário que também se desenrola o conto “Os dois papudos”. Como você viu, ao voltar de uma festa carregando sua viola, uma das personagens principais encontrou anões na mata e, com sua cantoria, proporcionou-lhes muita diversão e acabou tendo seu desejo realizado.

A viola é um instrumento musical que anima muitas reuniões e festas na roça. Nas rodas de viola, as pessoas se reúnem em torno dos violeiros para ouvir suas músicas e improvisos.

 

9. Observe atentamente a imagem a seguir e responda às questões:

 

Roda de viola, de Francisco Severino, 2014. Óleo sobre tela, 40x 60 cm.

a) A cena retratada na pintura remete a um ambiente rural? Justifique sua resposta citando elementos da obra.

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b) O título da obra é Roda de viola. Relacione esse título ao que é retratado na pintura.

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10. Retornando ao conteúdo estudado nos blocos anteriores “Variação linguística”, leia o trecho a seguir, retirado do conto “ Os papudos”.

 

Enquanto pinicava as cordas, prestava atenção às palavras do dançarino.

Eles entoavam:

Segunda, tergggc

  Quarta, quinta ...

a) Identifique nesse trecho uma expressão relacionada ao ato de tocar viola.

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b) Considerando a situação apresentada no conto, o que essa expressão significa?

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c) Reescreva a frase em que a expressão é utilizada, substituindo-a pelo significado indicado na resposta do item b.

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d) Após a reescrita, que mudança é possível observar na frase.

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Para relembrar:

Variação linguística é o fenômeno comum a todas as línguas de apresentar variações em função da época, região, situação de uso e das particularidades dos falantes. Essas variações podem ser percebidas tanto na análise das escolhas das palavras e expressões como na estrutura da frase e na pronuncia de alguns fonemas.

 

O conto popular “Os dois papudos”, por exemplo, registrou algumas expressões tipicamente orais, utilizadas em determinada região do Brasil.

Variedade regional ocorre em função da cultura dos falantes de uma região.

Do ponto de vista linguístico, não há uma variedade melhor ou pior do que outra, ou uma mais correta. Qualquer falante é usuário competente de sua língua materna, no entanto, é preciso apropriar-se das variedades de maior prestigio social e saber empregar os diferentes modos de falar e escrever adequados a cada situação de uso.

 

11. Leia a letra de musica abaixo e responda às questões.

Óia eu aqui de novo, xaxando

Vem cá morena bela, vestida de chita
 Óia eu aqui de novo, para xaxar

Você é a mais bonita desse meu lugá

Vai chamar Maria, chamar Luzia

Vou mostrar pr'esses cabras

Vai chamar Zabé, chamar Requé
Que eu ainda dou no couro

Diz que 'to aqui com alegria
Isso é um desaforo

Seja noite ou seja dia

 Que eu não posso levá

Eu 'to aqui pra ensinar xaxado
Óia eu aqui de novo, cantando

Eu 'to aqui pra ensinar xaxado
Óia eu aqui de novo, xaxando

Eu 'to aqui pra ensinar

Óia eu aqui de novo, mostrando
 Como se deve xaxar

Compositores: Antonio Silva / Antonio Barros Silva

 

a) Qual é o significado da palavra xaxado? Se necessário, procure no dicionário.

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b) Na primeira estrofe, o eu lírico revela um objetivo. Qual?

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c) Que trecho da primeira estrofe está em desacordo com a norma-padrão? Como essa palavra é registrada na norma-padrão?

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d) Qual é o efeito produzido pelo uso dessa expressão da forma como aparece no texto?

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e) Copie do texto palavras que caracteriza uma fala regional.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 6ª e 7ª AULA – CONTOS

Atividades das aulas 6 e 7

Leia o texto:

O Compadre da Morte

          Diz que era uma vez um homem que tinha tantos filhos que não achava mais quem fosse seu compadre. Nascendo mais um filhinho, saiu para procurar quem o apadrinhasse e depois de muito andar encontrou a Morte a quem convidou. A Morte aceitou e foi a madrinha da criança. Quando acabou o batizado voltaram para casa e a madrinha disse ao compadre:

       - Compadre! Quero fazer um presente ao meu afilhado e penso que é melhor enriquecer o pai. Você vai ser médico de hoje em diante e nunca errará no que disser. Quando for visitar um doente me verá sempre. Se eu estiver na cabeceira do enfermo, receite até água pura que ele ficará bom. Se eu estiver nos pés, não faça nada porque é um caso perdido.

O homem assim fez. Botou aviso que era médico e ficou rico do dia para a noite porque não errava. Olhava o doente e ia logo dizendo:

      - Este escapa!

     Ou então:

     - Tratem do caixão dele!

     Quem ele tratava, ficava bom. O homem nadava em dinheiro.

      Vai um dia adoeceu o filho do rei e este mandou buscar o médico, oferecendo uma riqueza pela vida do príncipe. O homem foi e viu a Morte sentada nos pés da cama. Como não queria perder a fama, resolveu enganar a comadre, e mandou que os criados virassem a cama, os pés passaram para a cabeceira e a cabeceira para os pés. A Morte, muito contrariada, foi-se embora, resmungando.

       O médico estava em casa um dia quando apareceu sua comadre e o convidou para visitá-la.

 - Eu vou, disse o médico - se você jurar que voltarei!

      - Prometo! - disse a Morte.

      Levou o homem num relâmpago até sua casa.

      Tratou muito bem e mostrou a casa toda. O médico viu um salão cheio-cheio de velas acessas, de todos os tamanhos, uma já se apagando, outras viva, outras esmorecendo. Perguntou o que era:

      É a vida do homem. Cada homem tem uma vela acessa. Quando a vela acaba, o homem morre.

      O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das vidas. Até que lhe palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no fim.

      - Virgem Maria! Essa é que é a minha? Então eu estou, morre-não-morre!

     A Morte disse:

    - Está com horas de vida e por isso eu trouxe você para aqui como amigo mas você me fez jurar que voltaria e eu vou levá-lo para você morrer em casa.

     O médico quando deu acordo de si estava na sua cama rodeado pela família. Chamou a comadre e pediu:

 - Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não me leves antes. Jura?

   - Juro -, prometeu a Morte.

   O homem começou a rezar o Padre-Nosso que estás no céu... E calou-se. Vai a Morte e diz:

   - Vamos, compadre, reze o resto da oração!

   - Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o Padre-Nosso mas eu não expliquei quanto tempo vai durar minha reza. Vai durar anos e anos...

     A Morte foi-se embora, zangada pela sabedoria do compadre.

     Anos e anos depois, o médico, velhinho e engelhado, ia passeando nas suas grandes propriedades quando reparou que os animais tinham furado a cerca e estragado o jardim, cheio de flores. O homem, bem contrariado disse:

       - Só queria morrer para não ver uma miséria destas!...

        Não fechou a boca e a Morte bateu em cima, carregando-o. A gente pode enganar a Morte duas vezes mas na terceira é enganado por ela.

 

(CASCUDO, Luís da Câmara.Contos tradicionais do Brasil. Belo Horizonte; São Paulo, Itatiaia, Editora da Universidade de São Paulo, 1986. Texto Adaptado)


Atividades

12. Neste conto,  a narrativa está em:

(   ) 1ª pessoa, pois o narrador também participa da história.

(   ) 3ª pessoa, o narrador apenas conta os fatos.

13. Enumere a segunda coluna com a primeira.

( 1 ) Situação inicial – apresentação dos fatos

( 2 ) Conflito – o fato que muda  a situação inicial

( 3 ) Desenvolvimento- ações das personagens e suas consequências

( 4 ) Clímax – ponto máximo da narrativa que encaminha para o final

( 5 ) Desfecho – o final

(   )  O homem comete um engano e sem pensar diz que “queria morrer para não ver uma miséria destas. “

(   ) A Morte  finalmente leva-o.

(  ) um homem que tinha tantos filhos que não achava mais quem fosse seu compadre depois de muito andar encontrou a Morte que aceitou e ser a madrinha da criança e torna o homem um médico rico.

(   ) o filho do rei  está para morrer, o  homem foi e viu a Morte sentada nos pés da cama, mas enganou a comadre com um truque e salvou o príncipe

(   ) O homem está prestes a morrer e, para evitar sua própria morte, engana a morte mais uma vez.

14. No início da história, a personagem principal é chamada apenas de um homem ou o homem.

    a)   Como o narrador passa a se referir à personagem principal depois que a Morte batiza seu filho?

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b) A partir de qual fato a personagem passa a ser chamada de médico?

___________________________________________________________________________________

15. Quando o príncipe adoeceu gravemente, qual foi o plano do homem para enganar a Morte?

___________________________________________________________________________________

16. Releia este trecho do conto.

         “[...]

          Anos e anos depois, o médico, velhinho e

          engelhado, ia passando nas suas               

          grandes propriedades, quando reparou que

          os animais tinham furado a cerca e estragado

          o jardim, cheio de flores. O homem, bem

          contrariado, disse:

              - Só queria morrer para não ver uma miséria

          destas!...

              Não fechou a boca e a Morte bateu em cima,

          carregando-o. A gente pode enganar a Morte duas

          vezes, mas na terceira é enganado por ela.”

 

A opinião do narrador em relação aos fatos narrados nesse trecho está em:

a) “[...] reparou que os animais tinham furado a cerca e estragado o jardim [...]”

b) “Só queria morrer para não ver uma miséria destas!”

c) “Não fechou a boca e a Morte bateu em cima, carregando-o.”

d) “A gente pode enganar a Morte duas vezes, mas na terceira é enganada por ela.”

 

17. O conflito, é uma narrativa, é uma complicação, uma oposição de forças na história entre duas ou mais personagens. No conto “O Compadre da Morte”, o fato que gera o conflito é:

 a) o fato de o príncipe ter ficado doente.

b) o fato de o homem ter desafiado a Morte pela primeira vez.

c) o fato de o homem não querer morrer.

d) o fato de o homem não conseguir um padrinho para seu filho.

 

18. Apesar de narrar fatos acontecidos ao longo de muitos anos, o conto é curto. Quais dos recursos abaixo são empregados para conseguir isso?

a) Não são dados muitos detalhes sobre os acontecimentos.

b) Vários personagens participam da história.

c) As personagens têm nome e são descritas com detalhes.

d) O leitor não é identificado sobre o lugar e a época em que se passa a história.

LÍNGUA PORTUGUESA- 8ª, 9ª e 10ª AULA – CONTOS

Atividades das aulas 8, 9 e 10

 

       Este conto que iremos ler nos ensina sobre caráter, respeito, amizade e dignidade que são essenciais para o convívio entre as pessoas.

A combuca de ouro e os marimbondos

(Pernambuco)

     Havia dois homens, um rico e outro pobre, que gostavam de fazer peças um ao outro.

    Foi o compadre pobre à casa do rico pedir um pedaço de terra para fazer uma roça. O rico, para fazer peça ao outro, lhe deu a pior terra que tinha.

     Logo que o pobre teve o sim, foi para a casa dizer à mulher, e foram ambos ver o terreno. Chegando lá nas matas, o marido viu uma cumbuca de ouro, e, como era em terras do compadre rico, o pobre não a quis levar para a casa, e foi dizer ao outro que em suas matas havia aquela riqueza.

       O rico ficou logo todo agitado, e não quis que o compadre trabalhasse mais nas suas terras.

       Quando o pobre se retirou, o outro largou-se com a sua mulher para as matas a ver a grande riqueza. Chegando lá, o que achou foi uma grande casa de marimbondos; meteu-a numa mochila e tomou o caminho do mocambo do pobre, e logo que o avistou foi gritando:

        “Ó compadre, fecha as portas, e deixa somente uma banda da janela aberta!”

        O compadre assim fez, e o rico, chegando perto da janela, atirou a casa de marimbondos dentro da casa do amigo, e gritou:

        “Fecha a janela, compadre!”              

Mas os marimbondos bateram no chão, transformaram-se em moedas de ouro, e o pobre chamou a mulher e os filhos para ajuntar.

        O ricaço gritava então:

        “Ó compadre, abra a porta!” Ao que o outro respondia:

        “Deixe-me, que os marimbondos estão-me matando!”

         E assim ficou o pobre rico, e o rico ridículo.

 

Responda de acordo com o texto as atividades a seguir:

26. Quem são os personagens desse conto? 

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27. Quem são os personagens principais desta história?

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 28.  A história conta que compadre pobre foi à casa do homem rico. O que ele foi fazer lá?

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29. Como o rico reagiu ao saber da cumbuca?

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30. Marque um X na alternativa que justifica que a narrativa anterior é um conto.

(A) Trata-se de uma história real, transmitida oralmente de geração em geração e desenvolvida em um único espaço.

(B) Trata-se de uma história de ficção, com vários conflitos paralelos, mas desenvolvidos em um curto período de tempo.

(C) Trata-se de uma história de ficção, com um único conflito desenvolvido somente em um dia e poucas personagens.

(D) Trata-se de uma história de ficção, com muitas personagens e desenvolvida em um longo período de tempo.

31. Marque um X na alternativa que justifica o uso das aspas no conto acima. 

( A ) Inclusão de termos em língua estrangeira.

( B ) Transcrição de falas.

( C ) Indicação do pensamento das personagens.

( D ) Uso de termos em um sentido diferente do habitual.


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