17 junho 2021

O hip-hop e a discriminação racial

Componente curricular: Educação Física       Ano:          Bimestre:

Sequência didática 2

Unidade temática

Danças

Objeto de conhecimento

Danças urbanas


O hip-hop e a discriminação racial

Apresentação

Nesta sequência didática tratamos do break, expressão artística da dança que é um dos pilares do hip-hop, e uma questão implícita em sua abordagem: o racismo. Retomamos que o hip-hop é um movimento cultural maior, que abrange diferentes vertentes: além da dança, também a música (representada pelo DJ – Disc Jockey e pelo MC – Mestre de Cerimônia) e a arte visual (representada pelo grafite). Entendemos que as danças urbanas buscam uma mensagem de respeito ao jovem negro da periferia, também produtor de cultura e arte. Diante disso, o freestyle é o estilo que oferece maior liberdade ao dançarino ao criar suas composições.

Objetivos de aprendizagem

Objetivos gerais

·     Vivenciar a dança e refletir sobre o preconceito e o racismo por meio de experiências estéticas significativas.

Objeto de conhecimento/Habilidades

Danças urbanas

·     (EF67EF11) Experimentar, fruir e recriar danças urbanas, identificando seus elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos).

·     (EF67EF12) Planejar e utilizar estratégias para aprender elementos constitutivos das danças urbanas.

Tempo previsto: 3 aulas

Aula 1

Gestão dos alunos: os alunos trabalharão coletivamente, com a mediação do professor.

Objetivos específicos de aprendizagem

·     Favorecer o desenvolvimento de habilidades para as danças urbanas e mais especificamente o estilo de dança freestyle.

·     Estimular uma reflexão crítica que potencialize o respeito pela diversidade cultural, de gênero, de raça, de potencialidades e de escolhas.

Recursos didáticos

Espaço físico: sala de aula

Materiais: lousa, caneta/giz para lousa, caderno, caneta, equipamento para projeção de imagens e vídeos (projetor digital, computador ou aparelho de DVD), aparelho de som e mídias de música (celular, pen drive ou CD)

Desenvolvimento da aula

Momento 1 – Converse com os alunos sobre a manifestação hip-hop, retomando seus pilares: o DJ – Disc Jockey, que mixa as músicas; o MC – Mestre de Cerimônia, responsável pela parte do canto; o break, que se refere à dança; e o grafite – desenhos e pinturas. De forma mais específica, trate da fundamentação do
hip-hop, baseada na luta contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão.

Momento 2 – Converse com os alunos realizando uma avaliação diagnóstica sobre as seguintes questões:

a) O que é preconceito? b) O que é racismo? c) O que é exclusão? d) Há práticas racistas na escola/na sua cidade/no seu bairro? Como elas se manifestam?

Momento 3 – Comente com os alunos que há leis que inviabilizam e intimidam práticas racistas, em favor da boa convivência na diversidade. Uma sugestão de leitura prévia a fim de preparar a conversa com eles é a Lei federal nº 10.639/2003.

Momento 4 – Assista com os alunos ao curta-metragem Vista a minha pele, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM>. Acesso em: 31 jun. 2018. Trata-se de uma paródia da realidade brasileira, que discute racismo e preconceito. Nessa história, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Maria é uma menina branca, pobre, que estuda em um colégio particular graças a uma bolsa de estudos. A maioria de seus colegas a hostiliza, com exceção de sua amiga, filha de diplomata, que morou em países pobres e tem outra visão da sociedade. Maria quer ser “Miss Festa Junina” da escola, mas não é fácil alcançar seus objetivos por conta do preconceito e do racismo da sociedade.

Durante a exibição do filme, realize as intervenções que achar necessárias ou anote questões para comentar e discutir com os alunos após a exibição.

Momento 5 – Solicite aos alunos que façam um fichamento ou resumo do curta-metragem como tarefa, apontando as passagens em que eles perceberam relações de racismo e preconceito.

Aula 2

Gestão dos alunos: os alunos trabalharão coletivamente, com a mediação do professor.

Objetivos específicos de aprendizagem

·     Estimular uma reflexão crítica que potencialize o respeito pela diversidade cultural, de gênero, de raça, de potencialidades e de escolhas.

·     Encorajar a tolerância ao próximo de modo a primar pela boa convivência no mesmo espaço/tempo e a enriquecer o aprendizado na diversidade cultural.

Recursos didáticos

Espaço físico: sala de aula ou sala de multimídia

Materiais: lousa, caneta/giz para lousa, caderno e caneta

Desenvolvimento da aula

Momento 1 – Solicite aos alunos a tarefa que eles tinham para realizar. Na lousa, elabore um quadro-
-síntese do curta-metragem assistido na aula anterior. Para preenchê-lo, dê voz aos alunos.

Enredo do vídeo

Síntese

Trechos de preconceito e racismo

Situação inicial: apresentação do cenário e das personagens; ordem social existente.

Resumir em tópicos.

Apontamento de situações.

Frases dos alunos que identifiquem o preconceito e o racismo.

Conflito: desequilíbrio ou ordem perturbada.

Resumir em tópicos.

Apontamentos de situações.

Frases dos alunos que identifiquem o preconceito e o racismo.

Desfecho: desenlace ou ordem restabelecida, ou fim da história.

Resumir em tópicos.

Apontamentos de situações.

Frases dos alunos que identifiquem o preconceito e o racismo.

 

Momento 2 – Discuta e analise o quadro-síntese com os alunos, solicitando que eles estabeleçam relações de preconceito e racismo em seus espaços e tempos cotidianos, por exemplo, na aula de Educação Física. Saliente que, ainda hoje, a escola valoriza apenas a cultura do colonizador – eurocêntrica, masculina, branca, heterossexual e cristã. Estimule-os a refletir sobre as demais culturas e os conhecimentos que as crianças e os jovens trazem em sua bagagem. Questione: “Estaria havendo uma desvalorização ou uma desconsideração do que o Brasil possui por excelência – a diversidade ou pluralidade cultural?”; “E quanto aos afrodescendentes, eles têm vez e voz na sociedade?”. Auxilie-os, levando-os a perceber as relações de poder, exclusão e submissão do negro no Brasil desde o processo colonizador ocorrido no início da história do país. Conduza-os a estabelecer metas de convívio social guiadas pelo respeito às diferenças, de modo a repudiar a discriminação e o preconceito étnico aqui ressaltado. Finalize esse momento estabelecendo e mediando uma reflexão sobre esta frase do antropólogo e sociólogo francês Marcel Mauss: “O que nos faz iguais é nossa capacidade de nos diferenciarmos uns dos outros”. Comente que somos todos diferentes e que não é a cor da pele que nos fará melhores ou piores; somos apenas diferentes. E que bom podermos também nos manifestar de formas diferentes

Momento 3 – Solicite aos alunos que, inspirados no curta-metragem e com base em suas próprias experiências e vivências, pesquisem músicas para a próxima aula. Sugestão: "Racismo é burrice", música de Gabriel, o Pensador. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MDaB8muAANc>.

Acesso em: 31 jul. 2018. Solicite ainda que tragam suas pesquisas musicais para a próxima aula e que exercitem a composição de um rap, ou seja, que escrevam a letra de um rap inspirados na discussão e na reflexão sobre o preconceito e o racismo.

Aula 3

Gestão dos alunos: 

alunos organizados em quartetos.

Objetivos específicos de aprendizagem

·     Favorecer o desenvolvimento de habilidades para as danças urbanas e mais especificamente do estilo de dança freestyle.

·     Estimular uma reflexão crítica que potencialize o respeito pela diversidade cultural, de gênero, de raça, de potencialidades e de escolhas.

·     Estimular a aceitação de ideias criativas para a elaboração de produções artístico-culturais na prática corporal dança, no estilo freestyle.

·     Encorajar a tolerância ao próximo de modo a primar pela boa convivência no mesmo espaço/tempo e a enriquecer o aprendizado na diversidade cultural.

Recursos didáticos

Espaço físico: sala ampla sem móveis

Materiais: caderno, caneta, aparelho de som, mídias para músicas e câmeras gravadoras (celular)

Desenvolvimento da aula

Momento 1 – Organize os alunos em quartetos. Nos grupos, cada aluno deverá expor aos companheiros sua composição rítmica/rap, isto é, o texto ou a letra da música que ele compôs.

Momento 2 – Solicite que cada quarteto realize a edição das composições apresentadas, formando apenas uma música a partir das quatro letras e dos ritmos apresentados. Oriente-os a incluir um refrão repetitivo na música final.

Momento 3 – Peça aos alunos que gravem suas músicas. O registro é importante para não esquecerem o ritmo e a letra. Estabeleça um período de 20 minutos para essa atividade.

Momento 4 – Agora os alunos deverão sugerir um passo-base (ou seja, um movimento de dança característico do freestyle, já vivenciado em aulas anteriores ou inspirado no filme assistido) para acompanhar o refrão da música. Estipule 10 minutos para essa tarefa.

Momento 5 – Solicite que componham gestos significativos para acompanhar outros momentos do musical performático. Mais 10 minutos para essa atividade.

Momento 6 – Agora os alunos deverão gravar sua performance. Estipule mais 10 minutos para a atividade.

Momento 7 – Todos os quartetos deverão partilhar suas composições coreográficas e musicais, apresentando-se para os colegas. Grave a performance de todos.

Momento 8 – Promova um fechamento reflexivo, conversando com os alunos sobre o poder da arte e, em especial, sobre como é possível manifestar-se por meio do hip-hop. Ressalte o multiculturalismo que muitas vezes está oculto na escola. Comente que todos são iguais no que diz respeito ao direito de ser e estar na sociedade e que essa metodologia de estudo e aprendizagem é um exercício que pode ser diário, exercitando-se a tolerância, a aceitação do outro, a partilha. Lembre aos alunos que se faz necessário ouvir e que expor ideias e posicionamentos e formar novos conceitos é sinal de abertura e de bom convívio. É o exercício da cidadania que a escola tanto privilegia em sua fundamentação.

Acompanhamento da aprendizagem

Em cada aula, é importante estar atento ao processo de ensino e aprendizagem. Quando necessário, ajuste diferentes maneiras de abordar o mesmo assunto. A ação didática e pedagógica permite flexibilidade, de modo que possamos nos expressar e propor metodologias de ensino e aprendizagem a fim de atingir todos os alunos. Para tanto, propomos as seguintes ações:

·     Observe os alunos constantemente durante cada atividade proposta.

·     Registre, em cada aula, os procedimentos dos alunos, como se manifestaram, se foram participativos de modo geral e particular, se houve comportamentos de apatia ou empatia em relação ao tema e à atividade propostos.

·     Observe e verifique quem estabelece manifestação oral dos conteúdos na dimensão conceitual e quem se manifesta mais participativo na dimensão procedimental do conteúdo, mediante as vivências propostas.

·     Observe as facilidades e dificuldades dos alunos na exposição de ideias e conceitos que já trazem na bagagem, na tolerância e na aceitação das manifestações orais e procedimentais/práticas ou expressivas dos colegas de turma e na exploração das tecnologias como ferramentas de aprendizado.

·     Observe e verifique se os objetivos da sequência didática foram atingidos ou se há necessidade de aumentar o número de aulas para explorar o tema.

Para verificar o processo de ensino e aprendizagem, é válido e importante que o próprio aluno faça suas considerações e se autoavalie. Após o trabalho com a sequência didática, apresente aos alunos a autoavaliação a seguir. Se preferir, reproduza as questões na lousa e peça que as copiem e respondam.

 

AUTOAVALIAÇÃO

SIM

MAIS OU MENOS

NÃO

Participei com atenção das atividades propostas?

 

 

 

Expressei verbalmente e respeitei a opinião e as formas de expressão rítmica dos meus colegas?

 

 

 

Realizei com dedicação as tarefas propostas?

 

 

 

Contribuí para a composição e a edição do rap e da coreografia?

 

 

 

Se julgar oportuno, com os alunos em roda, proponha estas reflexões:

·     Do que você mais gostou nessas três aulas? E do que menos gostou?

·     O que achou do filme? Aprendeu novos conceitos com ele? Ele contribuiu para uma reflexão sobre a liberdade de expressão, o preconceito e o racismo?

·     Qual foi sua maior dificuldade durante essas aulas? E a maior facilidade?

·     De um a dez, como você julga sua participação, seu envolvimento e seu aprendizado nessas aulas?


Fonte: PNLD Moderna

 

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